segunda-feira, 18 de julho de 2022

Na voz das árvores


 (1)

Uma imagem/ muitas palavras. 

Pinço do Rubem Braga:

" Se uma criança pudesse fazer o mapa de uma cidade_ pensava eu, olhando o pé de romã_  ele teria menos casas e mais árvores e bichos. A romã , por exemplo, está estritamente ligada à carambola, na minha corografia íntima. Eu conhecia essas árvores de um só quintal da cidade; eram como que uma propriedade específica de certa família amiga." 



                                                                                   (2)

Amplio a voz das árvores: 

"Somos muitos aqui, exultantes por você ter plantado árvores no jardim e, com isso, ter aberto tantas possibilidades. Nossas forças, aqui enraizadas, farão muita diferença para o equilíbrio do todo e, embora pareça ser necessário tempo, cresceremos o mais rapidamente possível..."



                                                                                      (3)

No traço do poeta, o poema clama: 

Espera

( Eugenio de Andrade) 

Sê paciente; espera

que a palavras amadureça

e se desprenda como um fruto

ao passar o vento que a mereça. 

~~~~~~ 


1_ Imagem/pinterest__ S.Gabriela 

2_ Dendezeiro( palmeira do dendê)

3_ Cerejeira  



quarta-feira, 13 de julho de 2022

Uma imagem-um conto/julho__ Pontes possíveis

 


                                                                   "Do outro lado da ponte"
                          Original pintado com a boca por: Vojko Gasperut
                                                                                   

Continuando a série iniciada pela Norma Emiliano, em 2021, das imagens do calendário com reproduções de telas pintadas.


Pontes possíveis

A ruazinha que dava acesso a ponte era a mais antiga daquela pequena cidade. Poderia mesmo dizer-se que foi ali que a vila, hoje cidade, começou.Suas casas mostravam o estilo das antigas construções de uma época e garantiam uma solidez palpável.

Dona Flora, moradora quase ribeirinha, acompanhou a construção da ponte e lembra-se do tempo que esta não existia.Era uma trabalheira atravessar para o outro lado do rio. Contavam com "seu" Jonas, pescador veterano que se prontificava a ajudar nas travessias necessárias.

Certa feita, dona Flora, em apuros, precisava chegar ao outro lado para atender sua tia idosa.Levava consigo alimentos e medicamentos em grande volume. Explicou ao "seu"Jonas a urgência do momento e o receio da bagagem não caber em seu pequenino barco.

Prontamente,"seu"Jonas, a tranquilizou indo ele mesmo levar as bagagens até a casa da senhora enferma e em seguida, voltando para buscar dona Flora, que muito agradecida pela gentileza organizou uma vaquinha junto aos moradores para a compra de um barco novinho para "seu"Jonas.



segunda-feira, 4 de julho de 2022

Revisitas memoráveis


 Tem uma palavra bonita pra nominar a saudade: revisitar; sou revisitadora assídua das memórias afetivas.Salvam-me as fotos arquivadas além das impressas, passaportes dos tempos sorridentes.

Há pouco mais de uma década me vi com paredes extras esperando preenchimento. Não tive dúvidas, comecei a compor quadros em mosaicos das fotos da família. Fui remexer caixas antigas cheias das fotos da filharada criança/jovem/adulta.Brotaram três produções, mas não só, seguiram-se outras com fotos das viagens, com fotos dos aniversários e o último com a novíssima geração: os netos. 

Fiz questão de deixar poucas margens de parede branca e, assim, compus uma galeria,um breve resumo da nossa história. Quando os grandões viram meu feito, se surpreenderam.Sorriam e comentavam as lembranças ali estampadas. Claro, que houve reclamações do tipo:

__ Mãe, meu cabelo tá horrível nessa foto!

___ Olha isso, eu saí de olhos fechados.

E o  blá,blá, blá, se misturava entre risos e galhofas. A galeria particular ganhou status de referência nas reuniões da família. Segui uma motivação criativa e vi o quanto foi significativa para nós. 





"Quando você se sentir perdido

Lembre-se de onde veio

e não estará mais perdido

(Sotigui Kouyaté)