segunda-feira, 28 de março de 2022

Tudo começa com um sonho



"Todo conhecimento começa com o sonho.

O sonho nada mais é que a aventura pelo mar

desconhecido, em busca das terra sonhada.

Mas, sonhar é coisa que não se ensina, brota das profundezas do corpo,

como a alegrias brota das profundezas da terra..."

( Rubem Alves)


Claramente sabidas, são essas palavras do mestre Rubem. O sonho almejado é o começo da história da humanidade. Nada mudou nesse campo desde então. Sonhamos cada passo que damos, até mesmo na infância assim acontece. O bebê sonha em deslocar-se pelos lugares da casa. Sonha em pôr-se de pé. Vejo o sonho e a vontade como motivos do mesmo intento.

E, este motor instintivo fabrica grandes e pequenos feitos que a história registra. Sem precisar de buscas elaboradas ou pesquisas, é fácil verificarmos tais movimentos que comandam o devir de cada um.

Em conversa com uma jovem, dizia-me ela que sonhava estudar direito e em viajar para India. Disse-lhe  que o sonhado por muito tempo traz uma convicção da vontade e muda de estado onírico, passando do etéreo para o real e, que assim ela deveria já considerar suas aspirações não como sonhos, mas como possibilidades.

O primeiro passo na direção das realizações havia sido dado. Agora era preparar-se para os seguintes  com o mesmo ardor dedicado no sonho sonhado.

É vital que nunca deixemos de sonhar, criar novas possibilidades a serem realizadas. Olhar adiante com motivação. Acreditar, perseverar e realizar!


" Nosso dias são preciosos

mas, com alegria os vemos passando

se no seu lugar encontramos

uma coisa mais preciosa crescendo:

uma planta rara e exótica

deleite de um coração jardineiro,

uma criança que estamos ensinando,

um livrinho que estamos escrevendo.

(Rückert) 



quinta-feira, 24 de março de 2022

Chegança



 
O Outono chegou! 
Veio vindo em acolchoados novelos de ares quentes debruçados na cidade.
Veio flanando com elegância. 
Veio anunciando no colorido dos céus, sua chegança.
Foi pousando mansamente nas tardes luminosas
estendendo-as em noites estreladas.
Desenhou manhãs sorridentes ao chamar o sol
para bater à porta das casas e assim acordar
 a toda gente, em todo lugar.
Ele veio vindo, ele chegou intenso,
pousou nas areias claras, recolheu o véu embaçado,
cumprimentou com graça e garbo
a cidade que o recebia engalanada a festejar sua estadia. 








Que a magia do outono nos abrace com suavidade! 



segunda-feira, 21 de março de 2022

Alguém me chamou aí ?


___Achei que chamaram meu nome. 

Ouvi vozes conhecidas perguntando por mim. 

 Olha eu aqui, pessoal!

Depois de todos os lindos passeios na companhia de vcs, pessoas queridas, voltei ao lar faz três anos. Fico na terceira prateleira da estante da sala tendo por vizinhos, dois tsurus.

Somos bons amigos. Acompanhamos nossa anfitriã nas muitas atividades do dia, pois seu PC e a TV ficam na sala de estar.

Assistimos bons filmes juntos. O último visto foi: Até a próxima vez". Recomendo bastante.

Vemos, também, os muitos interesses da nossa homemade( assim fica chic,rs) nas leituras escolhidas. Ela tem uma cesta retangular em vime apoiada no braço do sofá. Ali ficam os livros da vez. Hora, lê poesias. Hora, lê romance ou contos ou crônicas e, consta também da lista alguns temáticos sobre leituras e filosofia.



Ontem ela me levou até a varanda pras fotos de hoje.

Estou emocionado em receber a lembrança carinhosa de vcs depois de tanto tempo. Tenho muitas saudades dos passeios que fizemos juntos. Nosso álbum de memórias é um marco de dias encantadores.

O poeta Manoel de Barros declara em versos:


"Eu fui aparelhado para gostar de passarinhos,

Tenho abundância de ser feliz por isso[...]"


 Assim eu vejo vocês! 

Um abração afetuoso, meus amigos e amigas!




sexta-feira, 18 de março de 2022

Nova Estação



 Transbordava na voz uma animação genuína com os sinais que a foto mostrava. Por todo lado era visto o acontecimento dos primeiros degelos. Já sobressaíam tímidos pingos de verde aqui e acolá, brotando junto com o sorriso no rosto dos passantes. Mesmo sem fala audível, os olhos diziam  o que a boca desenhava; nova estação.

Pequenas ilhas de grama rala mostravam-se orgulhosas, como a dizer sem palavras:" vejam, estamos aqui embaixo, a neve não nos consumiu". 

Pelas trilhas nos parques, pelos canteiros  e jardins, antes sufocados, vê-se a força da esperança refletir sua existência, sua persistência, sua eternidade. Logo haverá milhares de pontos verdes a encher de primavera  os lugares, as pessoas, as cidades.  

¨¨¨¨¨¨¨ 


* Foto enviada pelo filho( em Ottawa) a qual acrescentei o verde do qual ele me falou.






segunda-feira, 14 de março de 2022

Boa companhia



 Fazia sol a pino, 

e pouco refúgio

à pele delicada,

ardida em silêncio,

vagando alheia,

 olhos molhados,

pavor, confusão;

atônita  lançada

ao espaço vazio

entre o sim e o não.

Escolhas prementes,

 apesar do confronto,

são fôlego, apoio,

cais e mansarda,

lugar de acolhida,

      em meio aos ruídos  

agudos no coração.

Provisória estadia,

transparece no instante

da fuga urgente que

o sol inclemente 

impôs sem aviso

 a requerer previsão.

Ali amparada

na vidraça do canto

se pôs escondida;

boa companhia

da tarde de verão.


***     

sábado, 12 de março de 2022

Uma Imagem/um conto- março 2022


            "Casal na chuva": original pintado com pé por Simona Atzori.

Março traz nova imagem da série do calendário feito com pés ou boca por pintores selecionados e  promovida pela amiga, Norma Emiliano, que nos convida a soltar a criatividade em palavras. 



Na saída do prédio, foi surpreendida por uma chuva intensa não prevista. E agora? Esperaria uma estiagem ou enfrentaria a força da chuvarada? Mal continha a ansiedade de correr por dois quarteirões acima indo ao encontro dele.

A mensagem marcando o encontro após o trabalho, era lacônica. Seu coração acelerou assim que a leu. Será que se armava um temporal na sua vida amorosa? Sacudiu o cabelo como se o gesto afastasse aquele pensamento.

E a chuva não dava sinal de trégua. Conformou-se em aguardar mais um tempo. Começou a mexer no celular conferindo as mensagens. De olhos na tela , cabeça baixa, não o viu chegar, parando bem defronte a ela.

No instante suspenso da descoberta, lá estava seu amado todo sorridente portando um guarda-chuva ao dizer-lhe:

___ Eu jamais lhe deixarei sozinha na chuva! 


***

 

segunda-feira, 7 de março de 2022

A dona da casa

(*)


 De tudo do qual somos feitos, são os sentimentos que estão no leme da navegação da vida. Mesmo quando pensamos estar em um instante suspenso entre o saber e o sentir, não estamos, na verdade, de fato apartados da soma dos sentimentos que nos constituem.

Somos a ebulição do ver, do ouvir, do saber, do sentir, do provar, do tocar, do ser e do agir. Nesse pacote multifacetado, transcorrem nosso dias ligados no piloto automático, na maioria das vezes; há, no entanto, exceções nas horas soando como badalos de sinos agudos a nos sacudir do marasmo cotidiano. 

Se escolhermos duas horas num dia, apenas um dia na semana e, nos determinarmos a ouvir com atenção os quê nos dizem nossos sentimentos, teremos revelações inesperadas sobre nós próprios(as).

Um ressoar bem audível está na memória olfativa. Os odores destrancam fechaduras enferrujadas com uma destreza impecável, como me aconteceu no sábado passado. Estava experimentado aromas de ambiente. Um dos frascos estava aberto respingando em minha mão e no seguido instante aquele aroma me levou à casa de minha infância, vendo minha mãe arrumando com capricho os lençóis da cama rescendendo lavanda/alfazema.

As lembranças vieram nítidas, o perfume familiar nas roupas da casa me levaram a doces recordações dos hábitos tão simples e tão marcantes em minha mãe, a dona da casa.



(*)Imagens: pinterest/northstar