Por uma troca de cabos, não pude trazer pra vcs as fotos do meu manacá floridinho.Desde outubro que ele salpica de roxo e branco o fundo do quintal, que fica todo perfumado ao entardecer. As flores nascem num roxinho vivo e brilhante e à medida que vão envelhecendo variam suas tonalidades de lilases até o branco total.
Assim o arbusto ( que ele ainda o é) apresenta essa mistura linda de cores, representando as fases da vida da planta. Enquanto há flores-bebês, outras já são adolescentes, umas tantas maduras e, algumas velhinhas, mas o conjunto todo é de uma harmonia perfeita que transmite a serenidade e a certeza da beleza existente em cada fase da vida.
O espécime daqui de casa é também conhecido por Manacá-de-Cheiro. Floresce a maior parte do ano , para sorte nossa que podemos desfrutar de sua presença.
A pintora brasileira Tarsila do Amaral, amava essa árvore e a imortalizou numa obra maravilhosa.
Manacá-1927
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E como flores e poesia são primas-irmãs, transcrevo o poeta Manoel de Barros, em perfeita união delas no poema:
Deus Disse
Deus disse: Vou ajeitar a você um dom:
Vou pertencer você para uma árvore.
E pertenceu-me.
Escuto o perfume dos rios.
Sei que a voz das águas tem sotaque azul.
Sei botar cílio nos silêncios.
Para encontrar o azul eu uso pássaros.
Só não desejo cair em sensatez.
Não quero a boa razão das coisas.
Quero o feitiço das palavras.
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È por tudo isso que eu pertenço ao meu Manacá em prosa e verso.