terça-feira, 11 de agosto de 2015

Batendo panelas







Um pézinho de vento irrompe sala adentro me chamando a plenos pulmões:
__ "Vamo batê panelas, vovó?

Agora arruma-se uma boa explicação do porque, não."Hoje não vai dar, não é pra acontecer"; ora, porque não, me perguntam aqueles olhinhos vivos e buliçosos. "Porque, naquele dia as pessoas estavam fazendo barulho em sinal de protesto, zanga com umas coisas malfeitas que andam acontecendo por aqui."Aqui, onde, quis saber a torneirinha perguntadeira.Suspiros( meus), ânimo e empenho pra conseguir explicar a farra do dia do último panelaço, Nós três, eu e as duas netinhas fazendo a maior algazarra de panela e colher de pau nas mãos, rindo muito da zoeira ecoada por todo o quarteirão.Eu, ciente do que acontecia. As duas, curtindo de montão a bagunça ensurdecedora.Três gerações a participarem da mesma manifestação, embora por motivos diversos, porém francamente significativos em sua determinação: a expressão/comunicação.

Dissemos, cada uma em seu intento, nossa declaração: de repúdio, de barulho, de participação.Sonoramente ritmadas, seguimos a marcação repercutida pelos ares por outros tambores de alumínio a ressoarem a convocação.Confesso não ter tomado conhecimento dela pela web, já que tenho estado ausente em grande parte de meus acessos internáuticos.Foi na chamada do programa na TV que entendi logo a movimentação que se daria mais tarde.E compareci ou melhor, comparecemos, as três integrantes dos tambores da cidade; o que me sugere até um nome de bloco pro próximo carnaval.

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Assim, minha gente amiga, com esse pequeno caso-verdade, retorno com imensa satisfação ao nosso convívio por aqui, agradecendo de coração cada palavra carinhosa, cada incentivo, cada voto de restabelecimento pro marido adoecido.Ele segue em tratamento, mas ainda requer cuidados mais dedicados.Na medida do possível retomarei as visitas aos blogs amigos e aliviarei as tensões do dia-a-dia lendo e interagindo nessa nossa blogosfera particular que me é tão querida.Obrigada, pessoal!


Pra fazer um contraponto, deixo abaixo um pequeno trecho extraído da revista História, sobre os "Tambores falantes": o telégrafo da selva.Comprovamos que a tecnologia se faz de muitas maneiras através dos tempos.

Tambores falantes": O telégrafo da selva

Na África, mensagens instantâneas surgiram muito antes do que no Ocidente

Texto Fábio Marton | Ilustrações Victor Zalma | 10/01/2014 17h7

Em 24 de maio de 1842, o capitão inglês William Allen comandava um vapor próximo à foz do Rio Níger, na atual Nigéria. Era o final da catastrófica expedição organizada pelo parlamentar Foxwell Buxton com o nobre propósito de convencer os chefes tribais a pararem de vender escravos - e o não tão nobre assim de mapear a região para exploração e início de acordos comerciais. Um terço da tripulação europeia havia padecido, quase todos por doenças tropicais. Em sua cabine, Allen fazia perguntas sobre o rio a um navegador nativo, a quem, sem conseguir pronunciar o nome original, apelidou de "Glasgow". Ouviu-se então o som dos tambores, o que costumava ser enervante para os europeus. Eles não só achavam a música rústica e desconcertante como sabiam, desde os primeiros contatos com os povos da região - pelos portugueses no século 15 -, que podiam ser usados como um chamado de guerra.

Glasgow ficou emudecido ao ouvir a música. Abordado pelo capitão, ele respondeu num inglês quebrado: "You no hear my son speak?" (algo como "Você não escuta meu filho fala?"). Perplexos, os ingleses disseram não ouvir voz nenhuma. Glasgow continuou: "Drum speak me, tell me come up deck" ("tambor fala mim, diz mim subir ao deque"). Surpreso, o capitão foi ao convés e deixou o africano na cabine, descobrindo que a música vinha de uma canoa ao lado do navio. Pediu então a seus intérpretes que dissessem ao nativo na canoa para transmitir mais mensagens. Glasgow entendeu e repetiu tudo perfeitamente.


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Imagem: clipart/ eltallerdemuni




17 comentários:

  1. Calu,que bom que as panelas bateram por aí e te trouxeram de volta! É preciso bater panelas , protestar! Aqui Neno e eu também ,nas janelas (com todo cuidado pra não acordar a Marina) batemos! Adorei os tambores e o modo que eles já falavam bem antes da tecnologia!! beijos,chica

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  2. Oi Calu, logo cedo já aprendemos que é preciso sair às ruas para lutar por nossos direitos!
    Melhoras ao seu marido, não sabia que estava adoecido.
    Muito pertinente o texto, propício eu diria, para a ocasião.
    Beijinhos, fiquem com Deus.

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  3. Que bom vê-la de volta, amiga!
    Interessante este movimento político que uniu às três gerações em tua casa! O panelaço aqui no bairro foi mesmo barulhento.
    Noutro dia mesmo, eu pensava sobre como será que as crianças de hoje estão recebendo e interpretando estes sinais de protesto, já que eles estão quase diretamente inclusos nestes dias difíceis e confusos. Não me lembro de participar de nada assim na minha infância, o que aliás nem era sentido se havia movimento político na sociedade daquela época.
    Este ato de bater panelas em protesto contra a política instalada, copiamos de los hermanos, argentinos e acho uma maneira muito válida e que se faz ouvir não só aqui quanto no mundo.
    Dia 16 dê ao netinho militante, uma panelinha para nos ajudar no protesto. Rssss
    Umsuper abraço carioca.


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  4. Você voltou!!!!
    Saudades....
    E voltou com tudo.
    Bem vinda.
    Bjs

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  5. Sdd tb!!

    Eu gosto destes movimentos as crianças adoram

    bjokas =)

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  6. Ao rufar dos tambores, é com imensa satisfação tê-la de volta!
    Você faz muita falta por aqui.
    E nesse bater de panelas, há reflexões, questionamentos, interação de uma situação que necessita de mudanças porque está induzindo a muito sofrimento essa nação tão querida.
    Beijo!

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  7. Lutar por uma causa é fundentes bj Lisette.

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  8. Oi, Calu!
    Um pronto restabelecimento para o esposo!

    Esse tema me fez lembrar o dobrar do sino na igrejinha da minha roça infantil... Cada acontecimento rendia um bimbalhar distinto: Queimada, reza, falecimento, acidente, festejo... Era assim que uma fazenda se comunicava com as outras sem energia elétrica.

    Beijos interioranos!

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  9. Bom dia Calu, estou num momento de pausa e já estava preocupada com sua ausência. Vi no post abaixo que esteve cuidando de seu marido desejando que tudo agora esteja bem.
    Voltarei em Setembro a visitar as amigas com a regularidade habitual.
    Obrigada pela sua atenção.
    Bem-vinda.
    Grande beijinho.
    Ailime

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  10. Calu, explicar a uma criança o sentido desse panelaço é, realmente, muito complicado . Já pensou se elas resolverem agir assim quando estiverem descontentes??? (kkkkk) Eu nem sabia do movimento, mas fui logo deduzindo tudo, frente à barulheira que se instalou no bairro.
    Os tambores já foram um grande meio de comunicação. Gostei do texto.
    Calu, tenho estado cansada e relaxando com minhas visitas. Lamento muito que seu marido enfrente problemas de saúde. Espero que logo se recupere, completamente, aliviando seu coração, pois sabemos que eles ficam também doentes quando pessoas que nos são queridas requerem cuidados especiais. Grande beijo!

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  11. Olá, Calu, como vai?
    Que bom saber que seu marido está se recuperando, das mazelas da vida, a ausência de saúde é a mais preocupante.
    Penso que deve ser uma avó daquela especial, com açúcar, como diria o ditado! Paciência para explicações à curiosidade dos pequenos ensina-os a serem atenciosos também.
    Abraços!

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  12. Lembramos de seu aniversário Calu, mas sabemos de seu momento.
    Deixamos abraços e carinhos para voce.
    Deus no comando tudo se ajeita.
    Deus te abençoe e ilumine.
    Abraços

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  13. Um bom retorno. Que tudo caminhe da melhor forma ai em seu lar que o maridão se restabeleça rapidamente.

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  14. Olá, querida Calu
    Saudade de passar por aqui e ler seus post tão cativantes... estive ilhada mais de 15 dias também...
    Batuques, tambores, panelaços... o que almejo é a paz pra humanidade toda... com ou sem barulhos... menos roubalheira e mais Justiça...
    Deus nos ouça!!!
    Bjm fraterno

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  15. Oi Malu sou tua seguidora de nº 352 e te conheci num texto que li no facebook, falando em quando eu for velhinha....Que doçura querida. Gsotei muito de ter te descoberto, virei por aqui quando der. Bjks
    www.lialendoavida.blogspot.com

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  16. Um bom e barulhento regresso, que nos enche de alegria. Que as horas de recuperação sejam breves e leves.
    Muitos beijinhos e um doce Setembro, o mês de todos os recomeços
    Ruthia d'O Berço do Mundo

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Teu comentário é o fractal que faltava neste mosaico.
Obrigada por tua presença querida!