Um pézinho de vento irrompe sala adentro me chamando a plenos pulmões:
__ "Vamo batê panelas, vovó?
Agora arruma-se uma boa explicação do porque, não."Hoje não vai dar, não é pra acontecer"; ora, porque não, me perguntam aqueles olhinhos vivos e buliçosos. "Porque, naquele dia as pessoas estavam fazendo barulho em sinal de protesto, zanga com umas coisas malfeitas que andam acontecendo por aqui."Aqui, onde, quis saber a torneirinha perguntadeira.Suspiros( meus), ânimo e empenho pra conseguir explicar a farra do dia do último panelaço, Nós três, eu e as duas netinhas fazendo a maior algazarra de panela e colher de pau nas mãos, rindo muito da zoeira ecoada por todo o quarteirão.Eu, ciente do que acontecia. As duas, curtindo de montão a bagunça ensurdecedora.Três gerações a participarem da mesma manifestação, embora por motivos diversos, porém francamente significativos em sua determinação: a expressão/comunicação.
Dissemos, cada uma em seu intento, nossa declaração: de repúdio, de barulho, de participação.Sonoramente ritmadas, seguimos a marcação repercutida pelos ares por outros tambores de alumínio a ressoarem a convocação.Confesso não ter tomado conhecimento dela pela web, já que tenho estado ausente em grande parte de meus acessos internáuticos.Foi na chamada do programa na TV que entendi logo a movimentação que se daria mais tarde.E compareci ou melhor, comparecemos, as três integrantes dos tambores da cidade; o que me sugere até um nome de bloco pro próximo carnaval.
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Assim, minha gente amiga, com esse pequeno caso-verdade, retorno com imensa satisfação ao nosso convívio por aqui, agradecendo de coração cada palavra carinhosa, cada incentivo, cada voto de restabelecimento pro marido adoecido.Ele segue em tratamento, mas ainda requer cuidados mais dedicados.Na medida do possível retomarei as visitas aos blogs amigos e aliviarei as tensões do dia-a-dia lendo e interagindo nessa nossa blogosfera particular que me é tão querida.Obrigada, pessoal!
Pra fazer um contraponto, deixo abaixo um pequeno trecho extraído da revista História, sobre os "Tambores falantes": o telégrafo da selva.Comprovamos que a tecnologia se faz de muitas maneiras através dos tempos.
Tambores falantes": O telégrafo da selva
Na África, mensagens instantâneas surgiram muito antes do que no Ocidente
Texto Fábio Marton | Ilustrações Victor Zalma | 10/01/2014
17h7
Em 24 de maio de 1842, o capitão inglês William Allen comandava um vapor
próximo à foz do Rio Níger, na atual Nigéria. Era o final da catastrófica
expedição organizada pelo parlamentar Foxwell Buxton com o nobre propósito de
convencer os chefes tribais a pararem de vender escravos - e o não tão nobre
assim de mapear a região para exploração e início de acordos comerciais. Um
terço da tripulação europeia havia padecido, quase todos por doenças tropicais.
Em sua cabine, Allen fazia perguntas sobre o rio a um navegador nativo, a quem,
sem conseguir pronunciar o nome original, apelidou de "Glasgow". Ouviu-se então
o som dos tambores, o que costumava ser enervante para os europeus. Eles não só
achavam a música rústica e desconcertante como sabiam, desde os primeiros
contatos com os povos da região - pelos portugueses no século 15 -, que podiam
ser usados como um chamado de guerra.
Glasgow ficou emudecido ao ouvir a música. Abordado pelo capitão, ele respondeu num inglês quebrado: "You no hear my son speak?" (algo como "Você não escuta meu filho fala?"). Perplexos, os ingleses disseram não ouvir voz nenhuma. Glasgow continuou: "Drum speak me, tell me come up deck" ("tambor fala mim, diz mim subir ao deque"). Surpreso, o capitão foi ao convés e deixou o africano na cabine, descobrindo que a música vinha de uma canoa ao lado do navio. Pediu então a seus intérpretes que dissessem ao nativo na canoa para transmitir mais mensagens. Glasgow entendeu e repetiu tudo perfeitamente.
Glasgow ficou emudecido ao ouvir a música. Abordado pelo capitão, ele respondeu num inglês quebrado: "You no hear my son speak?" (algo como "Você não escuta meu filho fala?"). Perplexos, os ingleses disseram não ouvir voz nenhuma. Glasgow continuou: "Drum speak me, tell me come up deck" ("tambor fala mim, diz mim subir ao deque"). Surpreso, o capitão foi ao convés e deixou o africano na cabine, descobrindo que a música vinha de uma canoa ao lado do navio. Pediu então a seus intérpretes que dissessem ao nativo na canoa para transmitir mais mensagens. Glasgow entendeu e repetiu tudo perfeitamente.
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Imagem: clipart/ eltallerdemuni