Fui tomada por uma sensação desconhecida, ali, frente à televisão assistindo a um episódio duma série de documentários sobre a musicalidade brasileira belamente apresentados em sequência histórica de acordo com os muitos gêneros originários da música brasileira.Em particular, o episódio a que me refiro detalha o cenário da música brasileira no pós-guerra, idos de 1948 a 1955 tendo como foco a trajetória da Pequena Notável, Carmen Miranda.Apesar da filmografia não trazer muita nitidez nas cenas,ainda assim não compromete de todo a visibilidade dos acontecimentos.Rola o rolo e o tempo passa saltitante de fato em fato musicado por cada época e seus artistas/cantores nos palcos famosos da cidade.
A narrativa segue entremeando os cenários e configurando a vida nacional em muitos pontos de vista a pincelarem o desenho das épocas.Como sou declaradamente apaixonada por essas viagens ilustradas nos tempos, o programa me conduz sem esforço por aqueles dias buliçosos, pela cidade fervilhante de novidades, os passeios públicos, as avenidas movimentadas daquela que já demonstrava sua vocação metropolitana.Os modismos, costumes, roupas, burburinhos, notícias, preocupações por aqui e lá por fora também, tudo encenado num fundo musical alegre e faceiro pela nossa Carmen Miranda que tem sua trajetória artística e pessoal contada nesse recorte.
Eis que chega o período do final: morre a Pequena Notável em solo americano e seu corpo é transladado para o Rio de Janeiro.Corte de cena.Nova cena.O cortejo fúnebre seguindo pelo aterro do Flamengo, as pessoas acompanhando o carro dos bombeiros e o cinegrafista mostrando cada detalhe do acontecimento, inserindo o dia acontecido, um sábado de agosto ensolarado, afagado pela brisa marinha a farfalhar os ramos das árvores, os lenços saudosos, os semblantes tristes...Assim entretida vi com espanto o dia em que nasci, aquele 15 de agosto de 1955 transcorrer na telinha em preto e branco, mas tão colorido aos olhos meus; coisa inédita pra alguém de minha geração sem nenhuma parafernália cinematográfica existente.Pude unir os relatos familiares ao agora visual e fundir numa só cena aquela manhã que me trouxe à luz.Pronto, a primeira página de minhas memórias está iniciada.
Imagens da época
(Cassino da Urca)
(Carmen Miranda)
Imagens: royalrio.net
pilha.vrc-puc.com
Que lindo,Calu e bom encontrar um fio da meada.. Coisas que ouvimos de nossas mães assim agora mostradas e trazidas à luz! Gostei de ler! bjs, ótima tarde de domingo e semana nova! chica
ResponderExcluirBoa tarde, Calu. Interessante como as emoções são tomadas nesta crônica, como as coincidências, não existem para mim, se mostram.
ResponderExcluirAs lembranças são bem vivas, estão no nosso sub-consciente e são trazidas à tona, como num dejávu nostálgico, mas que ao mesmo tempo é um marco de uma vida que se inicia, fechando um ciclo.
As sensações são tão vivas que parece mesmo que estávamos no cortejo, vendo tudo acontecer, mas a nossa alma projeta tudo isso.
Parabéns.
Beijos na alma e paz.
Oi, Calu!
ResponderExcluirAdoro Carmen Miranda e seus "balangandãs". Ela faleceu no mês mais bonito do ano - agosto é dourado de sol - nasci dia 10. Mais uma coisa em comum entre mim e ti!
Bjs
Será que meu comentário anterior entrou? Caso contrário me avise que eu retorno!
ResponderExcluirBoa tarde Calu, que interessante relato!
ResponderExcluirSempre muito bom poder constatar factos do "tempo em que nascemos;))!
Em tempos idos e nessa década que refere (a minha também) até documentos fotográficos eram quase inexistentes! Filmes então nem se ouvia falar!
Nesse documentário televisivo pode na verdade como que recuar no tempo e observar todos os detalhes que só conhecia por relatos de família e assim observar “ao vivo" acontecimentos da época em que nasceu! Muito emocionante!
Continuação de bom domingo e excelente semana.
Ailime
15 de agosto é um dia de muitos aniversários na minha família. Tios, sobrinho, neto.
ResponderExcluirSeu relato foi muito bonito, Calu. Também gosto de assistir a documentários que me levem através do tempo. Cinema e fotografia são grandes descobertas, ajudantes da nossa memória.
Beijo e boa semana.
Que tessitura maravilhosa, um verdadeiro legado familiar. Amei. bjs
ResponderExcluirLindo, pessoal, coletivo e mágico narrar
ResponderExcluirOi, Calu!
ResponderExcluirOlhando as fotos pude sintonizar aos filmes da Atlantida que possuem esse "shape". Na Cinemateca Brasileira podemos baixar vários para assistir. Interessante que enquanto o Rio de Janeiro era puro glamour, o resto do Brasil começava a se divertir com Mazzaropi, um caipira.
Minha mãe também contava histórias de quando eu era pequenina, eu não me lembro por mim, mas lembro a forma que ela contava e me via fazendo aquilo que ela dizia. Na verdade, nem sei se a lembrança é minha ou se tenho a lembrança contada por minha mãe registrada em mim. Mas é engraçado como as crianças guardam as lembranças com tanta vivacidade sem a certeza se o fato realmente aconteceu. Daí quando se tem um fato histórico para confirmar acontece a coroação da lembrança.
:)
Beijus,
Eu vi também este documentário fantástico, Calu, fiquei como você, pensando depois que acabou, na alegria daquela artista, na importância dela naquele mundo estrangeiro e para os brasileiros que aqui a adoravam, o uso de sua imagem sempre para o humor e a necessidade que ela tinha de mostrar que não era apenas uma artista engraçadinha e que cantava com um jarro de frutas na cabeça. Ela tentou muito mudar sua imagem. Fiquei com muita peninha de ver que sua vida se esgotou tão rápido e por conta da vida desregrada de shows e drogas para se manter em pé.
ResponderExcluirMeu nascimento também se deu numa data importante mundial, 1953, quando a rainha Elizabeth II assumiu a coroa da Inglaterra e meu pai, claro, ficou impressionado com sua beleza e sua importância, então, meu nome veio por causa disso. rsss
Gosto de ver tudo que é concernente ao ano em que nasci e quando vejo reportagens assim, fico pensando em como era diferente tudo e tenho vontade de conhecer mais e mais da história.
umbeijinho carioca
Amei as imagens que você selecionou; nos transportam para tempos de música boa.
ResponderExcluirTemos hoje muita gente boa mas também muita coisa a que chamam de música e será mesmo que é?
Já tem resposta lá no blog e você foi a ganhadora!
Beijo.
Eu gosto dessa época, principalmente das roupas. E o cavalheirismo também.
ResponderExcluirAs fotos são escolhidas a dedo, com certeza.
Beijos!