Aquele dia todo agendado anteriormente não parecia sujeito a mudanças, mas o foi logo pela manhã num telefonema que pedia minha companhia pra netinha do coração.Com zero esforço de adaptação inclui a parceria nos afazeres do dia que começava cheio.Saímos, as duas, de mãos dadas e conversa afinada pelas ruas lotadas da cidade.Pré-adolescente moderna, 11 aninhos de vivacidade e muitos cuidados, dentre estes o pouco costume de andar a pé pelas ruas centrais, ia ela curiosa indagando sobre tudo que passava ante seus olhinhos novidadeiros.
Lojas grandes, pequenas, empórios antigos, casas tradicionais...tudo se interligava na procura dos ítens que listei antes de sairmos de casa.Pra cima e pra baixo, sem reclamar fomos percorrendo os caminhos que nos levavam a lista feita.Desavisadamente distraída vi-me em terras conhecidas.De repente estávamos pelas cercanias do bairro onde nasci e vivi até os sete anos de idade.A cada passo as lembranças ganhavam contornos mais fortes e as histórias chegaram prontas, na ponta da língua, saltando a frente do nosso caminhar.
Fiz-me guia de minha própria história mostrando a jovem turista os pequenos detalhes ainda visíveis duma época antiga, minha infância, minhas recordações.A velha casa que hoje abriga outra família, a padaria da esquina onde íamos, minha avó e eu nas tardes de verão saborear um imperdível sorvete de creme, a fábrica de biscoitos caseiros que invadia as tardes da ruazinha com os aromas das fornadas vespertinas.O velho sapateiro já não mais se encontrava, nem a banca de jornais, só a larga esquina que se abria como uma diminuta península ajardinada, resistia bravamente.
Na rua seguinte tremula a bandeira nacional no mastro ao rés do muro da escola municipal onde minha avó iniciou sua carreira no magistério.Paramos em frente aos dois janelões demarcantes da sala onde ela lecionou durante 25 anos.Coração descompassou, e nos olhos embaçados quase pude ouvi-la me suas lições com a turma.
Tempo que urge, horas que pedem pressa, afastamo-nos das terras da infância, eu revigorada pela inesperada e compensatória visita, ela satisfeita pelas novas paragens visitadas.
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Duas ruas abaixo ficava esta fábrica tentadora.
Fotos garimpadas no site da coseaff(uff)
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Imagem: uol
Que linda volta ao passado, agora com a netinha! Vale muito e sempre! bjs praianos,chica
ResponderExcluirOi Calu. Como está?
ResponderExcluirSua crônica é espetacular! Adorei a maneira que a conduziu e suas palavras nos faz caminhar junto às suas recordações.
Um abraço!
São tão bons estes "regressos" ao passado!
ResponderExcluirBjs
Que bela viagem Calu!
ResponderExcluirE com sua descrição eu corri pelas ruas e fiquei na esquina a olhar semelhanças de minha infancia.
Isto é lindo o poder da descrição.
Linda semana Calu e boas viagens.
Bju de paz e luz amiga
\Em tempo adorei sua poética interação.
Boa tarde Calu, belíssimo esse regresso aos locais de tantas memórias, agora já na companhia da sua netinha !
ResponderExcluirImagino as sensações de uma e outra!
E assim se vai construindo o futuro;))!
Beijinhos e uma boa semana.
Ailime
Olá, querida Calu
ResponderExcluirViajei com vc pois a infância foi a parte mais feliz da minha vida independente dos traumas sofridos... era pura demais...
Bjm festivo de 2015
Eu amo viajar por estes lugares da infância, são tão ricos, são cheios de sentimentos dos que ali viveram e compartilharam dores e felicidades.
ResponderExcluirNão sabia que do lado de cá, tinha também a fábrica da Kibon! Eu visitei a fábrica lá em Mangueira, numa excursão da escola primária e nunca me esquecerei das delícias que vi e provei naquele dia.
Esta netinha do coração, linda de verdade, será uma companhia e tanta para você fazer estas visitas quase históricas, garanto que ela adorou ver tudo isso e saber como era no tempo em que você mesma tinha 11 anos.
Amei!
bjks cariocas
Olá, Calu!!!
ResponderExcluirQue belas lembranças!! E que preciosidade poderes compartilha-las com tua neta!!
Eu amava quando minha vó fazia isso!! E guardo essas recordações com o mesmo carinho que guardo as minhas.
Beijos e meu carinho!!!
Oi, Calu! Que delícia de passeio pelos recônditos das lembranças. É sempre agradávelouvir histórias que netos que apreciam a companhia dos avós, ganhamos tanto com isso! Sempre gostei de ouvir as histórias da minha avó e tenho grande orgulho por minha filha, hoje com 19, manter o vínculo próximo com os avós. Gosto tanto de fotos antigas... :D Um abraço!
ResponderExcluirAdorei viajar em suas recordações. Que momento lindo vc vivenciou com sua netinha. bjs
ResponderExcluir.
ResponderExcluirEu não vivo de saudades,
mas confesse que também
choro com as minhas.
Beijos,
.
Um presente do qual a neta jamais se esquecerá, e deve ser repetido... Nada como um andar despretencioso pela cidade para tingir nossa vivência com detalhes sutis, entretanto fortes o suficiente para não se apagarem jamais!
ResponderExcluirBjs, Calu!
Que momento maravilhoso, tanto mais por ser partilhado com a netinha. E que imagem feliz você achou para abrir esse post. Senti-me sentada no carrinho, numa descida vertiginosa, cabelo ao vento, rumo à infância.
ResponderExcluirMuito obrigada por partilhar este momento.
Beijinhos, uma doce semana
Ruthia d'O Berço do Mundo