sexta-feira, 30 de maio de 2014

Qual a hora de partir ?








Hoje meu pantheon está mais crepuscular.Paira sobre ele um assombreamento incômodo, daqueles que conseguimos sentir, mas não avistamos por completo.Desconfio que o meu não seja o único a estar com esta configuração.Creio que grande parte dos panteões pessoais dos brasileiros estão em iguais condições, meio vazios, meio sem brilho.Me sinto um tanto órfã de herói, abandonada na longa estrada deserta e sem placas indicativas, sem lenço, nem documento.O tal do imprevisto ataca novamente e apesar da lógica que o norteia, a sensação de desamparo não me anima a encarar positividade na situação.

A escolha feita, em pleno direito por um dos meus heróis, me fragiliza frente ao futuro, ao exercício duma justiça realmente igualitária e democrática e, abre mais um fosso no já tão castigado torrão nacional.O cenário jurídico perde um de seus célebres e, nós o povo, "perdemos" um homem de bem.

Recebi por email um texto bem a propósito no assunto e o trago pra compartilharmos aqui as questões que pairam sobre a aposentadoria.Se é o tempo correto. Se é necessidade urgente. Se é uma ameaça ou uma promessa.O que "ela" representa para cada um(a)?

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Hora de Partir

Qual é a hora exata de partir? Difícil, muito difícil precisar esse "timing". Arriscaria dizer aqui que é quando o  desconforto e uma sucessão de pequenas frustrações se sobrepõem ao bem-estar e à frequência do riso. Mas aí tem o coração no meio, atrapalhando tudo, atrasando as partidas, soprando esperanças de que amanhã tudo pode voltar a ser colorido e dizendo que as sintonias são assim mesmo intermitentes. Melhor não dar muito ouvidos a esse crédulo desvairado. A hora de partir é uma decisão, e decisões são tomadas com a cabeça, sem impulsos, sem pontos vulneráveis. Exigem que se pense, que se avalie, que se quantifique e, sobretudo, que se enxergue a realidade dos fatos. Não há nada mais concreto do que fatos. Adiar partidas para a hora do crepúsculo, para o momento em que os desejos começam a anoitecer ou a ser anoitecidos à nossa revelia é muito pior. É melhor sair enquanto emitimos alguma luz, enquanto pudermos, pelo menos, deixar na saída motivos para que sintam a nossa falta. Somos nós que determinamos o nosso próprio tamanho e o tamanho da nossa importância.
Sim, é doloroso sair de cena, se despedir de um espetáculo, de um sonho, de um laço ou de qualquer história que nos aqueça o coração. Porém, mais doloroso é assistir ao ocaso dos sentimentos, é esperar por algum gesto ou alguma palavra que não vai acontecer ou reacontecer. Mais doloroso é chegar no "tanto faz". Mais doloroso é deixar que o tempo nos transforme, aos olhos do outro (ou vice-versa), em alguém comum, banal, qualquer. Não, isso não. Melhor sermos uma grande memória do que um pequeno fato que enfraquece e não mais consegue mover moinhos ou surpreender. Mas dói, e como dói... O único consolo é que, se a dor já for uma velha conhecida nossa, saberemos como lidar com ela até iniciarmos uma nova história (ou não). 


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Obs: Não achei a autoria, apenas a referência vinda no email: www.quelquechose.net





11 comentários:

  1. Calu, o texto é lindo, profundo. Mas o que nosso coração, acredito que muitos mais, hoje temem essa saída desse grande homem que vamos perder por lá! O que será daqui para frente?

    Pena! beijos,tudo de bom,chica e um lindo fds!

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  2. A notícia a que você se refere, causou furor ontem nas mídias que só falaram disso, pois no momento cruel que esta nação está vivendo, sem grandes nomes a apoiarem e reforçarem nossa democracia, com lisura e transparência, nós, povo brasileiro, sentimo-nos completamente desamparados da justiça.
    Entretanto, imagino que o grande ministro se exauriu diante de tanta exposição e falação em torno de seu nome, deve estar louco pra dar um tempo em sua vida privada e, quem sabe, respirar novos ares lá fora um pouquinho.
    Bem, eu faria isso. Iria pra Florida e curtiria o sol e o conforto de lá e voltaria revigorado daqui a quatro anos para me eleger e quem sabe, ganhar o cargo de presidente deste país. Eu, com certeza, votaria nele.
    O texto é ótimo e vou repassa-lo ao marido que vive a angústia dessas novas mudanças em sua vida.
    Um beijo e abraço cariocas.


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  3. Oi Calu, sem entrar no mérito das questões políticas e jurídicas brasileiras que subjazem a esse fato - da aposentadoria -, e levando em consideração apenas a pessoalidade que nos mantém - a todos - irmanados como seres humanos, acho sinceramente que cada um sabe de si, cada um conhece suas próprias razões e cada um sabe quando chega a sua hora. E o Ministro Joaquim Barbosa há algum tempo, já havia sinalizado sua intenção de se aposentar antes do dies ad quem. Então é isso. Ele vai exercer o direito de se aposentar. (Eu particularmente gosto de tê-lo no STF, gosto da consistência de seus votos e da maneira com que conduz os processos que estão sob sua relatoria.) Mas ele já tomou sua decisão.
    Bjs
    Marli
    Blog da Marli

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  4. Quero sonhar com o que a Beth colocou aí acima; talvez restaurar as forças e voltar? Quem sabe?
    Sei que por um tempo tivemos um herói que ficará sim na memória.
    Lindo mesmo o texto. Beijo!

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  5. Calu, assino embaixo do seu texto, sim, ficaremos pobres de heróis, talvez o único sobrevivente vai deixar o país entregue a não sei o quê! Aliás, sabemos, sim. E vai junto nossas esperanças e nossa medida de justiça no ponto certo.

    Um beijo! Parabéns pelo texto.

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  6. Olá, Calu!
    Realmente um expoente da vida pública que sai cedo, contudo deixa marcas...

    Quanto ao texto, sair de cena, em qualquer hipótese: aposentadoria, pedido de demissão, fim de relacionamento conjugal, até mesmo suicídio, é uma questão que envolve diversas variantes.
    Nem todos desejam o estrelato, sair no auge da integridade. Na verdade, isto nem é a atitude mais acertada para todos os casos.
    Certas pessoas preferem ficar e apagarem-se lentamente à luz de outrem; outras preferem explodir o crepúsculo; há quem saia de mansinho, reptando, e vai "baixar em outro centro", revigorada.

    Grande domingo procê.

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  7. Calu,como muitos brasileiros tb não gostei dessa aposentaria. Por um tempo nos sentimos mais protegidos com o Ministro Joaquim por lá, agora....seja o que Deus quiser! Um belíssimo texto,adorei! bjs,

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  8. Oi Calu, belo texto e que mensagem! Acredito que os heróis não morrem pelos seus fitos e existem sim vultos nacionais que se tornaram heróis, não só os políticos mas heróis anônimos que com bravura deixaram marcada sua história...
    Grata pela visita, volte sempre aquele cantinho é nosso.
    Uma noite abençoada, e um inicio de semana na paz de Deus.
    Lourdes Duarte
    http://filosofandonavidaproflourdes.blogspot.com.br/

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  9. Calu, por mais que saiba a falta que ele vai fazer, entendo sua decisão. Notamos o quanto sofre, fisicamente, com o problema na coluna. E estou certa de que a pressão contribuiu, e muito, para seu desassossego, em todos os sentidos. Seus valores e sua capacidade não serão esquecidos, o que é um deleite para seu espírito. Nem todos os grandes juristas são bons administradores, embora apresentem coragem para enfrentar as adversidades. O mundo político impõe outros comandos, aos quais, certamente, ele não se adaptaria. Perdemos um exemplo de dignidade no exercício da função Uma abordagem que merecia ser feita, a sua. Bjs.

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  10. Embora distante tanto geograficamente como de conhecimento pelo que passa no seu pais, emocionei-me ao ler este texto, porque é universal e também traduz o que sentimos aqui em Portugal.

    beijinho

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  11. Oi Calu

    Na vida as vezes ficamos assim perdidas, mas temos que saber tb a hora de sair de cena.
    Quando percebo que tanto faz minha presença na vida de alguém eu tiro meu time de campo. Difícil mais necessário por vezes.

    bjokas =)

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Teu comentário é o fractal que faltava neste mosaico.
Obrigada por tua presença querida!