A delicada inspiração da amiga Beth_Mãe-Gaia.blogspot, me trouxe á lembrança um fato acontecido quando a minha meninada era pequena e o menor da família era o Petit, um cooker spaniel, bagunceiro e levadíssimo como os quatro donos.
A rotina da semana era bem movimentada, com horários regrados na agenda.Pela manhã íamos os cinco pro colégio.Voltávamos pelas 12,30h, almoçávamos e já engatávamos noutros afazeres. As meninas se aprontavam pra aula de inglês e os meninos que eram menores nessa época ficavam em casa, com a ajudante, fazendo as tarefas do colégio enquanto as irmãs iam comigo pro curso.Enquanto esperava por elas, eu ia corrigindo os trabalhos dos alunos.Chegávamos perto das 16h,todos tomavam seus lanches e pegavam seus apetrechos da natação e lá íamos nós pros treinos no clube.
Pois bem, numa tarde destas, dia normal, cronômetros acertadinhos, estávamos nos aprontando pra sair pro curso, quando eu escuto um alvoroço na sala, gritaria, ralhos com Petit, venho correndo e encontro o cooker agitadíssimo dando saltos na estante, minha filha mais velha tentando segurá-lo,os meninos pegando a escada com a peneira da cozinha na mão, a outra filha gritando:
___Corre mãe, o Petit quer comer o passarinho!
Quando tomei pé da situação é que vi o pobre do passarinho voando pela sala, pousando do lustre para a estante, dela pra janela ( que era gradeada) e tornando a voltar pra estante, enquanto o cachorro ensandecido se atirava arranhando as portas do móvel.Uma verdadeira cena de pastelão.Mandei todo mundo parar pra não assustar ainda mais o passarinho deixando que ele conseguisse encontrar a saída pelas frestas das grades.
Não se passou um minuto, o bichinho deu uma rasante e neste segundo, Petit saltou e o abocanhou.Gritaria geral!O cachorro saiu correndo pela casa com o passarinho na boca trincada só deixando-se ver o rabinho do passarinho pro lado de fora.Corre-corre geral, e ele dando dribles na gente como se fosse artilheiro de time, mas conseguimos alcançá-lo.As meninas o seguraram, ele choramingava, eu fui com firmeza, abri sua boca e tirei de lá um passarinho todo babado e tremendo que nem vara verde.
Corri com ele pra cozinha e todos foram atrás , inclusive o Petit que chorava sem parar.Fui lavando com cuidado seu corpinho, derramando gotinhas d'água no biquinho, fazendo massagem no seu coraçãozinho.Enrolei-o numa toalha e o aqueci junto ao peito.Ele foi se recuperando devagar e minutos depois já dava sinais que queria voar.Os meninos o pegaram e desceram com ele pra quadra procurando uma árvore com ninho pra deixá-lo lá. Pronto, entre mortos e feridos salvaram-se todos, com umas peninhas a menos, porém, vivos.
E aí, outro corre-corre:___Olha a hora, estamos atrasados...Vamos pessoal!
Se há algo do qual nunca pude me queixar foi de monotonia.
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