Com o projeto: Um escritor me inspira, Norma nos traz Marina Colassanti, in: Gargantas Abertas, 1998
Acqua Marcia
Em todo lugar sou estrangeira
menos na minha casa.
E mesmo na minha casa
nenhum habitante sabe
que o gosto justo da água
é aquele daquela água
que em minha terra se bebe.
Como diz uma famosa composição musical: "quem foge à terra natal, em outro canto não pára..."
Até então, o mote da canção se faz verdadeiro para Cristina. Saiu do sítio dos pais aos 17 anos para estudar na capital e lá firmou novas raízes. Formou-se e foi trabalhar numa boa empresa onde conheceu seu marido com quem teve dois filhos.
A vida foi moldando seu ritmo urbano e as lembranças da roça acabavam por ficarem como pano de fundo no cenário da mente envolvida nos tantos afazeres dos dias. Esmerava-se para que que nos feriados prolongados fosse com a família visitar seus pais. Telefonava aos dois irmãos combinando um encontro festivo nos dias que lá estivesse.
Eram dias de muita alegria, sorrisos, abraços e afetos multiplicados em cada coração presente.
O fogão de lenha fumegava desde cedo e as delícias se sucediam em cada refeição. Para Cristina, cada hora era uma festa de emoções exaltadas e, para sempre marcar aqueles dias com toda família reunida, ela convocava o irmão mais velho para ser o "barista" oficial. Só ele sabia quais grãos estavam bem secos para a torra do café se dar no ponto exato extraindo a coa intensa e aromática, despertando o paladar de todos em volta da mesa.
___ Não há em nenhum lugar, um café igual ao daqui de casa feito por vc, meu irmão,dizia ela.
Excelente conto, a pertença fica guardado na alma e se expressa de várias formas, mesmo que o racional não reconheça tal fenômeno. Bom final de semana. Grata por aderir a série. Bjssss
ResponderExcluirQuerida amiga Carminha, feliz de quem tem um lar da infância para voltar ainda para um cafezinho fumegante no fogão à lenha ou não.
ResponderExcluirFalando em café, tenho um filho que se dá ao trabalho de moer na hora os grãos e o faz por prazer.. que saboroso o café dele! Junto da família, todo café tem sabor especial.
Uma boa e bonita prosa você nos oferece. Amo a vida no interior com tantas emoções singelas. Tenha um final de semana abençoado!
Beijinhos fraternos
Que legal e que honra para esse irmão cafezeiro dos bons! nGostei muito de ler! beijos, tudo de bom,chica
ResponderExcluirUma leitura muito agradável.
ResponderExcluirNova tirinha publicada.
Abraços 🐾 Garfield Tirinhas.
Lendo e recordando da canção e me colocando no conto. As cenas pareciam feitas para mim, menino do mato para a capital estudar e de lá outras capitais e a terra natal, cada dia mais distante, um retrato na parede. As voltas se sucederam e eram festas nos velhos sabores da culinária, que ainda guardo comigo, como a personagem de seu conto.
ResponderExcluirBelíssima interação com a proposta de Norma.
Show Calu.
Um abração amiga.
Querida Calu!
ResponderExcluirA infância é um território no qual, em determinados momentos, pisamos, ao transitar pela vida. Taí o teu lindo conto a comprovar o que estou dizendo. Lembranças e sabores, memórias afetivas saboreadas na infância e que ficam gravadas, para sempre, em nossos corações.
Bjssssssss