Bc _ Uma Imagem/ Um conto - Outubro

"Crianças na praia", original pintado com a boca por Leandro Arvanitakis

Imagem de calendário pintado com boca ou pés, por artistas pintores. Tema proposto pela amiga, Norma Emiliano na BC_ uma imagem/um conto.

Revisitação

        Mudança de casa causa um verdadeiro rebuliço por dias, por espaços antigos e novos e ainda sobrecarrega a rotina, porém, traz no mesmo pacote, uma tremenda animação, muitas expectativas, bons projetos e a remodelação dos móveis por novos ambientes. É bom! É trabalhoso, mas compensa.

  Em meio a toda movimentação, ia Marta enchendo caixas e esvaziando armários, estantes, prateleiras... Impossível não se surpreender por memórias afetivas que saltavam ante seus olhos ao se destamparem caixas de lembranças, recordações bem guardadas que vinham á luz do dia. 

        Sentada no chão do quarto, separava objetos para doação, para permanência e outros que ficavam no vácuo das dúvidas. Quanto mais procurava, mais coisas esquecidas achava e, foi assim, que lhe caiu ao colo um pequenino álbum de fotografias antigas. Folheando-o, logo legendou cada foto. Eram Natais da sua meninice, aniversários de pouca idade, brincadeiras de quintais e férias na praia.

        Ah, aquelas férias inesquecíveis com os primos. A família alugou uma casa "pé na areia" e os folguedos tomaram conta da meninada que saltava da cama todos os dias bem cedinho para começar logo as brincadeiras à beira-mar. Foram dias mágicos e cheios de gratas lembranças.

12 minutos

Distraidamente, passaram 12 minutos; mente distraída para os ruídos que teimam em invadir os espaços construídos, mente indagativa frente ao envelope pardo repousado na caixa do correio, mente curiosa pelo conteúdo que lá estava.

Foram 12 minutos corridos desde a caixa de correspondências, passando pelo elevador, até o apartamento, onde aliviei as mãos carregadas com as sacolas do hortifruti e os 10 envelopes endereçados a mim. Foram 12 minutos entre um ato e outro, mas, bastou haver a chegança para  atender à curiosidade que me rodeava.

Abri o envelope pardo e de lá saiu um mimo caprichado em imagem e mensagem; uma lembrança gentil, um afago no coração, grata surpresa por iniciativa  da amiga Rosélia (flordocampo3.blogspot.com) que sempre envia abraços carinhosos de muitas maneiras generosas.

Muito obrigada, querida Rosélia!

Ofertar flores realça os afetos.

A arte de perfumar-se

 

De repente me dei conta que meu perfume está no finalzinho do frasco. Um fato que me incomoda. Desde sempre aprecio um perfumizinho. Nada gritante tipo aqueles que anunciam a presença a metros de distância. Não, gosto das colônias, marcantes, mas suaves.

Lembro saudosa de uma fragância que usei por anos a fio. Era Athena, do Boticário. Tinha toque refinado sem exagero. Saiu de linha, snif... Perfume é assunto pessoal, é gosto e, não se discute. Bem se sabe, que cada fragância reage de forma peculiar e sensível a cada pessoa. Escolher somente uma de agrado é tarefa demorada, ainda mais se aquela que mora na memória sensitiva não está mais no mercado.

Minha filha tem me dado bons perfumes e para ser sincera ainda tenho um pequeno frasco com conteúdo do parfum acentuado, mas não o coloco no dia a dia. Gosto dos eau de cologne frutados em bergamota ou laranjeira. 

Há uma arte em perfumar-se, em saber usar o perfume na pele para não intoxicar as pessoas próximas; definir uma fragância que realmente case com seus sentidos, com a personalidade, com estado de espírito, requer uma esmerada pesquisa.

Chega mesmo a ser uma alquimia sutil, quase magia através do olfato que comandará a escolha pela linguagem dos sentidos.