Correndo os olhos pelas notícias dos jornais me deparei com o artigo do Mário Sérgio Cortella, intitulado:" Os pais esquecem que a família não é uma democracia"; dado lido e imediatamente reconhecido. Num zás-trás( como dizia minha avó) revi e ouvi nitidamente meu marido falando com as filhas adolescentes indignadas ante a permissão negada pelo pai pra algum plano mirabolante.
Era um tal de choramingos e justificativas entre suspiros lamentosos de cortar o coração. O meu já vivia laminado, mas na frente delas eu ajudava a minimizar o clima. Depois, entre quatro paredes, ia ponderando com o maridão a validade da negativa se assim me parecesse justo.
Sabemos quão fina é a linha que tece as relações pessoais entre as gerações e o quanto é difícil calcular a elasticidade segura pra ambos os lados.Com duas filhas adolescentes e dois garotos, na mesma casa, os interesses se divergiam na maior parte do tempo. Nos dividíamos, eu e o pai, pra atendermos a todos e trago comigo a certeza de que fizemos o que achávamos mais certo e seguro pra filharada, mas vá explicar isso pra adolescentes borbulhantes... é discurso longo, ponderação comprida, justificativas embasadas até que ante a resistência vitimizadora das duas, o pai declarava:
___ Isto aqui é uma democracia, eu que mando!
Claro, que eu disfarçava o riso pra não perder a solenidade,mas no fundo sabia que lá vinham horas de consolo e muita saliva.A mais velha entrava dentro do armário de roupas, que era enorme, não sei até hoje como não despencou uma prateleira na cabeça dela.A mais nova se trancava no banheiro pra chorar dizendo-se um ET na vida.E entre lamúrias e choros salvaram-se todos.
Hoje, adultos e, pais e mães, vão sentindo o quanto é grande a tarefa de educar bem os filhos para a vida, tentando formá-los e informá-los sobre si próprios e o mundo que os espera.Tarefa hercúlea, mas possível.