Devo ter chamado a atenção dos frequentadores do lugar, pois fiquei uns minutos admirando as lindas embalagens da Colomba Pascal bem arrumadas numa mesa na padaria.Fizeram uma apresentação esmerada e de vários tamanhos o que atrai mais interesse devido a praticidade oferecida pela quantidade.Antigamente só havia uma opção e pronto.Assim, fisgada pela originalidade, trouxe a minha Colomba pra casa, mas pelo caminho fui revendo cenas da infância que me certificavam de que aquele pão não era o de minhas lembranças da minha avó paterna, portuguesa de nascimento, iniciando a semana santa preparando e sovando a massa do pão de especiarias, típico da Páscoa em suas tradições.Na mesa da cozinha repousava em pequenos potes as iguarias dos recheios doces e salgados que fariam o deleite de toda família.Ela preparava vários pães nas duas modalidades, doce e salgada, que se mesclavam em delícias aprovadas por toda família. Por muito tempo eu não associei o nome à iguaria quando minha avó dizia:" Os Folares estão assando"__ julgava ser um apelido que ela dava aos pães e que significava que aquelas tenras delícias estariam logo prontas pra meu deleite e dos primos.Nesse dia a casa recendia ao aroma inconfundível dos saborosos pães de Páscoa.
Descobri recentemente que há uma bela lenda sobre a origem deste pão delicioso.
A lenda do folar da Páscoa é tão antiga que se desconhece a sua data de origem. Reza a lenda que, numa aldeia portuguesa, vivia uma jovem chamada Mariana que tinha como único desejo na vida o de casar cedo. Tanto rezou a Santa Catarina que a sua vontade se realizou e logo lhe surgiram dois pretendentes: um fidalgo rico e um lavrador pobre, ambos jovens e belos. A jovem voltou a pedir ajuda a Santa Catarina para fazer a escolha certa. Enquanto estava concentrada na sua oração, bateu à porta Amaro, o lavrador pobre, a pedir-lhe uma resposta e marcando-lhe como data limite o Domingo de Ramos. Passado pouco tempo, naquele mesmo dia, apareceu o fidalgo a pedir-lhe também uma decisão. Mariana não sabia o que fazer.
Chegado o Domingo de Ramos, uma vizinha foi muito aflita avisar Mariana que o fidalgo e o lavrador se tinham encontrado a caminho da sua casa e que, naquele momento, travavam uma luta de morte. Mariana correu até ao lugar onde os dois se defrontavam e foi então que, depois de pedir ajuda a Santa Catarina, Mariana soltou o nome de Amaro, o lavrador pobre.
Na véspera do Domingo de Páscoa, Mariana andava atormentada, porque lhe tinham dito que o fidalgo apareceria no dia do casamento para matar Amaro. Mariana rezou a Santa Catarina e a imagem da Santa, ao que parece, sorriu-lhe. No dia seguinte, Mariana foi pôr flores no altar da Santa e, quando chegou a casa, verificou que, em cima da mesa, estava um grande bolo com ovos inteiros, rodeado de flores, as mesmas que Mariana tinha posto no altar. Correu para casa de Amaro, mas encontrou-o no caminho e este contou-lhe que também tinha recebido um bolo semelhante. Pensando ter sido ideia do fidalgo, dirigiram-se a sua casa para lhe agradecer, mas este também tinha recebido o mesmo tipo de bolo. Mariana ficou convencida de que tudo tinha sido obra de Santa Catarina.
Inicialmente chamado de folore, o bolo veio, com o tempo, a ficar conhecido como folar e tornou-se numa tradição que celebra a amizade e a reconciliação. Durante as festividades cristãs da Páscoa, o afilhado costumam levar, no Domingo de Ramos, um ramo de violetas à madrinha de batismo e esta, no Domingo de Páscoa, oferece-lhe em retribuição um folar.
Uma tranquila e bela Páscoa celebrada com mitas bençãos pra vcs e toda família.
FELIZ PÁSCOA!
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imagens: cultodamesa.blogspot
Essa leada é linda e pra mim a Páscoa é cheia de cheiros de infância e que procurei passar aos meus filhos e hoje aos netos! Feliz Páscoa! Aqui, quaaaaaase chegando a hora! Faltam umas 3 horas, DAQUI A POUCO ELE EMBARCA NO TRECHO sp-pOA!!!!!bjs, chica
ResponderExcluirBom dia Calu
ResponderExcluirQue a páscoa traga paz, amor, esperança e fé. Que o milagre da vida encante seu coração. Que os laços da nossa amizade se renovem e se fortaleçam no amor de Cristo. Uma feliz páscoa para vocês e os teus
Um super beijo da amiga de sempre
Gracita
Na minha casa nunca houve um folar. Como éramos muito pobres as madrinhas sempre nos davam um vestidinho novo na Páscoa, e os padrinhos um pacotinho de amêndoas. Foi já adulta que comi o primeiro folar. Já comi muitos mas os meus preferidos são os algarvios. Numas férias a minha sogra ensinou-me a fazê-los e tenho feito todos os anos. Este ano creio que não vou conseguir fazê-lo. Tenho o pulso direito aberto, não devo conseguir amassá-lo.
ResponderExcluirUm abraço e uma Santa e feliz Páscoa
Calu, pois eu não conhecia esta bonita lenda e pra dizer a verdade, não tenho lembranças de comemorações de Páscoa na minha casa da infância. As recordações que tenho desta época são bem tristes, pois minha mãe, mineira dessas que recorrem às tradições religiosas, levava-nos sempre na Igreja para ver o tal "Cristo morto" e me lembro que a igreja era toda envolta em tecidos roxos horrorosos e tristes. Nunca gostei de nada disso e só ficava mais feliz no sábado, porque no bairro em que eu morava tinham muitos Judas pregados em postes e a criançada olhava em volta sempre rindo das brincadeiras de malhação do boneco.
ResponderExcluirNos domingos de Páscoa, quem cozinhava era meu pai, e o sangue italiano falava mais alto nas macarronadas ou no bacalhau que eu e irmãos também não curtíamos, mas naqueles tempos, ovos de páscoa não existiam nos mercados, acho que nos davam chocolates em barrinhas ou algum brinquedinho, mas, sinceramente, não me lembro de festa marcante desta data, por isso não tenho o hábito de entrar na dança consumista de ovos e outras coisas relativas.
Fora isso, meu filho não come doces, não gosta, principalmente de chocolate, então só me resta agora ficar olhando estas guloseimas no mercado e deixar passar a época para comprar a fim de me deliciar fora da hora. rsss
Mas, hoje sei o significado bonito desta data e desejo a você e todos de sua casa que tenham uma linda páscoa e muita renovação em suas vidas!
um beijinho carioca
Oi, Calu!
ResponderExcluirEu não conhecia a lenda, assim como a tradição do Folar. Até mesmo a colomba é algo recente pra mim...
As recordações passam pelo nosso paladar, os aromas vindo da cozinha... e em todas as festas religiosas a fartura da mesa está presente, mesmo nos lares mais simples reserva-se bons alimentos para as comemorações.
Havia um antes, durante e depois da festa. Atualmente o antes é comprometido quando compramos tudo pronto e o sabor se torna o mesmo para todas as famílias. Esse paladar que se compra na padaria não alimenta a nostalgia, daí o que fica são os momentos e o prazer da convivência.
Feliz Páscoa!!
Beijus,
Que linda a lenda, não a conhecia. Que sua Páscoa tenha sido de amor e delícias. bjs
ResponderExcluirBoa tarde Calu, com algum atraso agradeço-lhe os seus votos de boa Páscoa desejando que a sua tenha sido maravilhosa!
ResponderExcluirSobre a lenda do folar, imagine que a desconhecia completamente e achei-a linda!
O folar era característico de algumas zonas do Pais vindo mais tarde a estender-se praticamente a todo o Portugal e agora já confecionado industrialmente!
Fico-lhe muito grata por me ter dado a conhecê-la!
Desejo-lhe continuação de felizes festas pascais!
Beijinhos,
Ailime
(Agradeço-lhe muito também o seu imenso carinho que me deixa sempre nos meus cantinhos)