quinta-feira, 31 de julho de 2014

Maternar, verbo transitivo para qualquer geração







Tive chance nestes últimos das de inaugurar muitos olhares e resgatar outros.As horas alternavam os ciclos dos assuntos que iam e traziam outros enlaçados em cor clara, pintada nas nuances duma comprida conversa de mulheres/mães. Eu, minha filha e a sogra dela, aproveitamos muito cada minuto de vivências que íamos compartilhando naquelas horas recém-chegadas. Nós, as avós, contávamos pra ela o tamanho dos nossos medos durante as gestações que tivemos, o quanto de apreensões nos cercaram no período de nove meses e como nos apegamos na fé e na confiança de que tudo iria sair muito bem, comparadamente aos dias atuais onde tem-se à mão diversos exames detalhando cada semana de crescimento do bebê, ao que ela nos respondeu:" Mesmo com tudo isso passei cada mês com a mesma apreensão de vcs.Por mais que olhasse e lesse os exames ainda assim eu sentia uma pontadinha de receio lá longe, mas perceptível."
Duas gerações de mulheres, três histórias confluentes em fatos e em sentimentos.Por mais que existam, e ainda bem que assim é, toda esta batelada de exames minuciosos, o sentimento de proteção amorosa das mães desponta logo que se pressente que há uma vida nova.Mudam-se os costumes, os procedimentos, mas não mudam os sentimentos que identificam todas nós, mulheres e mães, em relação ao período da gravidez/parto.
Os avanços da medicina têm seu lugar de destaque, mas não desprezamos, seja a época que for, o conhecimento secular das avós.É nelas que vamos buscar apoio para nossas dúvidas, conforto para nossos medos, confiança para nossos fazeres, na certeza de que estamos bebendo em fonte fértil e segura. 
Hoje, nesse prazeroso papel, eu me fio em misturar as lembranças dos compassos e descompassos acontecidos às mil informações esclarecedoras que encontramos com facilidade.Tempera-se cada uma com cuidado e serve-se fresquinha para a recém-mamãe, que por sua vez já traz consigo um balaio cheio das vivências com o mais velho.É de conteúdos preciosos que se formam os muitos conhecimentos sobre um tudo.
Pra mim, estes últimos dias foram de alegrias enrodilhadas por fitas de cetim colorido vibrante a compor cada sorriso, cada gesto e, pra deixar com vcs uma pontinha de fita trago na leitura deste texto que recebi por email, uma pausa para reflexão guardando as devidas proporções: nem tanto nem tão pouco.



Girassóis e Miosótis 

O girassol é flor raçuda, que enfrenta até a mais violenta intempérie e acaba sobrevivendo.Ela quer luz e espaço e em busca desses objetivos, seu corpo se contorce inteiro.
O girassol aprendeu a viver como sol, por isso é forte.Já o miosótis é plantinha linda, mas que exige muito mais cuidado.Gosta mais de estufa.
O girassol se vira...e como se vira. O miosótis quando se vira, vira errado.Precisa de atenção redobrada.
Há filhos girassóis e filhos miosótis! 
Os primeiros resistem a qualquer crise. Descobrem um jeito de viver bem, sem muita ajuda.As mães chegam a reclamar da independência desses meninos e meninas, da sua capacidade de enfrentar problemas e sair-se bem.
Por outro lado há filhos e filhas miosótis que sempre precisam de atenção.Todo cuidado é pouco diante deles.Reagem desmesuradamente, melindram-se, são mais egoístas que os demais ou, às vezes,mais generosos e  ao mesmo tempo tímidos, caladões, encurralados.Eles estão sempre precisando de cuidados. 
O papel dos pais é o mesmo do jardineiro que sabe das necessidades de cada flor, incentiva ou poda na hora certa.De qualquer modo, fique atento(a); não abandone demais os seus girassóis porque eles também precisam de carinho...e não proteja demais seus miosótis.As rédeas permanecem com vocês... mas também o regador e a tesoura.
Não negue, mas não dê tudo o que querem; a falta ou o excesso de cuidados matam a planta!
( José Fernandes de Oliveira)






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terça-feira, 29 de julho de 2014

Boas Novas




Vim nas asas macias de Dona Cegonha flanando pelos alíseos risonhos que sopram por aqui.Boas novas em sequência são beijos de brisa nos dias da gente e disso não posso me queixar; tenho tido motivos de sobra para sorrir a largo e faço isso me soltando por esses ventos felizes, os mesmos que trouxeram a nossa:





Dona Cegonha já tem pista cativa aqui em casa.Sem cerimônia, ela reconhece de longe o lugar e vem certeira em pouso suave deixar sua carga preciosa. Desta vez veio a Giovanna, oito dias depois do primo Rafael, transbordar a felicidade de toda família. Chegou rosada, pesadinha e elegante, despertando suspiros doutro lado da vitrine. 




Fofucha e muito amada curte um soninho comprido, enquanto a Dona Cegonha descansa da maratona deste mês de julho (rsrsrs).Agora são cinco batutinhas sapecas a nos fazerem imensamente felizes.Dentre as enxurradas de fotos e mensagens de lá pra cá, daqui pra lá, um tio declarou:" Só falta mais um para fazermos um time de futebol de salão."

Ando numa corujice sem fim.Vcs perceberam, né? :)





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quarta-feira, 23 de julho de 2014

Sopros ventados, desejos expressados









Tremeluz à flor d'água entre sopros luminosos o ar maroto, cadinho de vento, filhote brincante estreando seus vôos nesta manhã.Passa e repassa e nisso abraça, rodopia folguedos de criança levada, eriça as peles, levanta a areia e de quebra margeia a espuma das ondas que salpicam longe seu frescor salgado, gotículas voadoras nas asas do ar, tantinho de vento danado, a brincar.


Enche as bochechas e sopra fininho por sobre as ondas,chacoalha o mar.Corre brisado de cá pra lá; da areia pro asfalto, do chão pro alto, de cá pra acolá. Adora os barulhos, melodias únicas em seu passar; farfalha as folhas, balança os ramos, mexe com as flores, refresca os rostos, remexe o lugar.Sabido, inventa, rodopia, agita, suspende o que não preso está. Naquela manhã acordou tinindo um azul prontinho, uma brisa, um mar.

E a moça distraída ia sorvendo o dia que anunciava tudo que de lindo há, ouviu atrás de si uma voz a lhe avisar:
___ Segura o chapéu, dona, que o sudoeste não tarda a chegar.



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Poemas ao vento
Fernando Pessoa


Sopra o vento, sopra o vento, 
Sopra alto o vento lá fora; 
Mas também meu pensamento 
Tem um vento que o devora. 
Há uma íntima intenção 
Que tumultua em meu ser 
E faz do meu coração 
O que um vento quer varrer; 
Não sei se há ramos deitados 
Abaixo no temporal, 
Se pés do chão levantados 
Num sopro onde tudo é igual. 
Dos ramos que ali caíram 
Sei só que há mágoas e dores 
Destinadas a não ser 
Mais que um desfolhar de flores.


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" O vento que venta aqui é o mesmo que venta lá ", diz a letra da canção numa promessa de certezas, numa perspectiva de esperança de que a declaração se faça verdade e que o vento bom, apaziguador, vente por todos os quadrantes da Terra, avivando nos corações dos homens o reconhecimento pela semelhança.











domingo, 20 de julho de 2014

Uma Imagem, muitos sons e outras histórias








" Quem me chamou" desta vez foi a imagem lírica que a Silvana e a Mari escolheram para a BC Uma imagem/140 caracteres da semana.Verdade, verdadeira é que, todas as imagens selecionadas por elas tem sim, muito lirismo, mas essa particularmente me chamou, e eu aqui atendo: 

 O repouso silencioso prenuncia a melodia que virá!


E veio atrelada à narrativa do livro da vez " A partitura do Adeus, Pascal Mercier, iniciada no encontro mais que casual para um dia frio num café da Provence entre dois homens desconhecidos que dividem uma mesa. O clima, o local, a bebida quente destrava as línguas e facilita o diálogo. Martijn Van Vliet e Adrien Herzog, veem-se  trocando confidências inesperadas e esta súbita proximidade os leva a despejarem suas angústias através das palavras e, o primeiro a relatar a trágica história de sua única filha, Lea, atualmente uma respeitada e aplaudida violinista é Van Vliet.

Em suas reminiscências, Martijn volta ao dia em que ambos, pai e filha, caminhavam pelas ruas de Berna quando a então garotinha de oito anos, estancou o passo diante da escadaria do metrô ao ouvir o som melodioso que vinha de lá de dentro.Relata o pai: 

"Ao lado da música, os outros ruídos não pareciam reais. Os sons saídos do violino escuro, reluzente, tinham uma realidade própria, que, eu pensava, nem mesmo uma explosão conseguiria devastar... Agora eu também ouvia o que tinha feito Lea parar: os sons de um violino[...]"

O romance desenrola o extenso novelo das emoções despertadas pelas partituras que o destino caprichoso desenha para cada personagem e coloca em questão a imprevisibilidade da vida. Nos entremeios, visitamos trechos da história do instrumento e seus exemplares mais perfeitos, como os Amadus, violinos criados por Andrea Amati em 1564, que tornaram-se padrão de excelência para esses instrumentos ao longo dos séculos.A dinastia dos Amati de liutai imortalizou-se na criação dos violinos com forma graciosa e som doce.




Como seria maravilhoso se os homens lavassem suas angústias em sons melodiosos e ternos, deixando-se tomar pelo que de belo há no ser humano: a arte de criar!



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E por isso, foi o mestre cuidar de outros jardins.
Fica em mim enorme saudade do jardineiro.




sexta-feira, 18 de julho de 2014

A turminha aumentou,o Rafael chegou






Estejam certos de que do lado de cá da telinha eu estou com um sorrisão tamanho gigante :) Nasceu ontem a noite o meu netinho Rafael, irmão do Miguel.A família toda está em festa.Não é pra menos, né?




A cada dia eu me surpreendo mais e mais com as possibilidades tecnológicas.Chegamos a maternidade e ficamos aguardando a liberação da equipe médica para que fossemos à sala do "cine-parto", especialmente preparada para o acompanhamento on-line do nascimento.A telona só abre na hora "H" em que o obstetra já tem o bebê seguro nos braços.
Gente, é uma emoção enorme, por isso vcs veem acima a foto toda tremida que eu tirei.E aí está o Rafael cheio de saúde e charme transbordando de amor o coração desta vovó-coruja.



Uma selfie do lindão amado da vovó!


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terça-feira, 15 de julho de 2014

Ressignificação, mais uma prática para aprendermos com as crianças








Os finais de semana por aqui são bem movimentados pelos filhos, noras e netos causando rebuliço.Olhar os pequenos, preparar o rango, atender aos chamados deles para participarmos das brincadeiras e tudo o mais, fazem as horas voarem. Foi num desses instantes que me lembrei de propor a eles a brincadeira da dança das cadeiras e, rapidinho arrumamos as cadeirinhas deles, a música e a brincadeira começou. Enquanto havia cadeira pros dois tudo corria ao riso solto, mas quando faltou lugar pra um, pronto, o rostinho choroso logo apareceu num biquinho sentido e claro me derretendo o coração.O vencedor Miguel comemorava, a Valentina choramingava inconformada porque uma das cadeiras era a dela e foi retirada.Injustiça! 

Pára tudo, acalma, consola, explica.O choro parou, mas sem convencimento, afinal são só dois aninhos pra entender com razão uma frustração, mesmo assim, eu e a mãe dela tentamos explicar o objetivo da brincadeira meio sem sucesso; nisso chegou a Aninha (irmã) e foi logo arrumando as cadeirinhas em fileira pra uma nova brincadeira,a de trenzinho.Grande ideia que os pequenos aderiram correndo no acompanhamento da cantoria que a maquinista comandava: "__ Piuíííí, café com pão, café com pão, café com pão, bota fogo maquinista, bota fogo na caldeira..."

Numa rápida estratégia, a Aninha acabou com a frustração sentida fazendo com que as lágrimas dessem lugar à gostosas risadas e tudo ficou bem porque acabou bem, simplesmente fazendo dum limão uma limonada. A sensibilidade nata de uma criança maior frente ao desconforto dos menores resolveu o "drama" com a mudança da brincadeira , que foi ressignificada ao serem usados os mesmos objetos em outra  proposta. Isto é ressignificação( conceito da neurolinguística), a capacidade de escolher o que tem maior importância dentro duma situação, no caso, continuar a brincadeira.

Em caso de chuva, transfira o piquenique para a varanda coberta. Levou um bolo no encontro do cinema? Ligue pra outra amiga(o) ou vá curtir o filme sozinha(o). Acabou a luz? Admire o céu... 


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 Trem de Ferro
(Manuel Bandeira- excerto)


"Café com pão
Café com pão
Café com pão

Virge Maria que foi isso maquinista?

Agora sim, café com pão
Agora sim, voa fumaça,
Corre, cerca,
Ai seu foguista
Bota fogo na fornalha
Que eu preciso,
Muita força,
Muita força
Muita força
(trem de ferro,trem de ferro)..."


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Imagens: pinterest( murphy)
castelo rá-tim-bum

domingo, 13 de julho de 2014

Um só nome e seus muitos aplicativos



 Quando me vi com um blog recém-nascido e que precisava de batismo fiquei boas horas escolhendo qual nome lhe daria, qual teria a abrangência que gostaria de compartilhar.Depois de algumas tentativas descartadas cheguei a resolução final pelo nome "Fractais"* , pois achei que definiria bem meus intentos na blogosfera.
A Wikipédia dá uma breve significação do termo: " Um fractal é um elemento ou objeto com caracteres geométricos que podem ser divididos em partes, cada uma das quais semelhante ao original.Diz-se que os fractais têm infinitos detalhes, são geralmente autossimilares e em muitos casos pode ser gerado por um padrão repetido em espelhamento infinitesimal."
Saindo das explicações técnicas, o termo é bastante usado para indicar pequenas partes de um todo maior, tipo os gomos duma laranja, as nervuras duma folha, etc. No coração da cidade de Adelaide, na Austrália, há uma ecovila urbana, a Christie Walktown, que é considerada " um fractal urbano", que embasa a ideia de cidade distribuída onde os sistemas urbanos de gestão de energia, água e recursos são menos centralizados. O projeto considerou as características socioculturais, o meio ambiente, o contexto urbano no qual a ecovila esta localizada combinando um grande número de tecnologias verdes, como: aquecimento solar, telhados verdes, captação da água da chuva,compostagem, hortas nas calçadas e jardins e outras medidas referentes...um típico fractal urbano.





Outro reflexo onde o conceito fractal se mostra é o do campo das artes.Artistas da fotografia e de suas muitas possibilidades, criam imagens impressionantes numa perfeita união de arte+ciência brindando com originalidade tal parceria. A artista Silvia Cordedda, italiana, estudante de Engenharia Química, usa fractais para criar imagens incríveis inspiradas na natureza ( em sua maioria).São belíssimas imagens que remetem a flores, estruturas orgânicas vegetais e seus similares.No Deviantart da artista é possível baixar várias imagens para usar como wallpaper.


















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(*) termo crido em 1975 por Benoît Mandelbrot, matemático francês que descobriu a geometria fractal.

quinta-feira, 10 de julho de 2014

Conhecimento, esse desconhecido







Lá longe o canto do galo anuncia a aurora, dito e feito conforme nos disseram na infância.O galo anunciador é a certeza de que a manhã não tarda, de que a noite vai se despedindo pra dar lugar ao dia; conhecimento ancestral e permanentemente atual repetindo-se a cada instante em que um pai ou uma mãe ou os avós ensinam aos pequenos que assim acontece desde que se tem notícia : o galo canta anunciando o alvorecer.

Isto é conhecimento indiscutível, daqueles que trazem o conforto das certezas acabadas e pronto.Dito e feito.Refúgio seguro que tanto nos acalma.Diferente de outros conhecimentos inacabados, tipo os que vêm dentro de parênteses abrindo uma explicação, mas que não se finalizam, não fecham o par e deixam no ar uma interrogação incômoda.

Precisamos de parênteses perfeitos, abertos e fechados como manda o figurino, tudo explicadinho com detalhes, de preferência.Não fomos preparados para o incompleto.Assusta e muito termos conhecimentos inacabados sobre o  que nos é próximo e isso nos acanha, revira nossos antes tão garantidos saberes e serve como luz de alerta para que não se tome a ideia como realidade acabada.Ela, a ideia, é o ponto inicial, abre caminhos, propõe conhecimentos e convida à descobertas que só acontecerão se forem apuradas a cada aparecimento.



"[...] o conhecimento é muito importante e é necessário ensinar que todo conhecimento é tradução e reconstrução; comporta riscos de erros e ilusões, importa esclarecer suas raízes e causas[...]"
Edgar Morin


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Canção Amiga
C. Drumond


Eu preparo uma canção
em que minha mãe se reconheça,
todas as mães se reconheçam,
e que fale como dois olhos.
Caminho por uma rua

que passa em muitos países.
Se não me vêem, eu vejo
e saúdo velhos amigos.

Eu distribuo um segredo
como quem ama ou sorri.
No jeito mais natural
dois carinhos se procuram.

Minha vida, nossas vidas
formam um só diamante.
Aprendi novas palavras
e tornei outras mais belas.

Eu preparo uma canção
que faça acordar os homens
e adormecer as crianças.





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segunda-feira, 7 de julho de 2014

Espelhando o que há de bom




"Vamos e venhamos" a combinar que esses dias invernais estão especiais aqui nesse pedacinho; céu de azul intenso, brisa constante, sol friinho, luminosidade forte e clima de sonho, fácil de realização, então "bora" aproveitar os convites do sol, do céu e do mar pra ficar de papo pro ar sorvendo a brandura da natureza, intensidade e cor, pulsão de vida.







Bebido o luar
Bebido o luar, ébrios de horizontes,
Julgamos que viver era abraçar
O rumor dos pinhais, o azul dos montes
E todos os jardins verdes do mar.


Mas solitários somos e passamos,
Não são nossos os frutos nem as flores,
O céu e o mar apagam-se exteriores
E tornam-se os fantasmas que sonhamos.


Por que jardins que nós não colheremos,
Límpidos nas auroras a nascer,
Por que o céu e o mar se não seremos
Nunca os deuses capazes de os viver.

Sophia de Mello Breyner Andresen

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E por tanto céu e por tanto mar é que renascemos em azuis infinitos assim espelhados, assim espraiados, refletindo as muitas e possíveis nuances esperançadas de que habitem o coração de cada ser na humanidade.


Mar, espelho do céu, esperança na terra!


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Unindo os azuis, os gostos e os convites participo com a Chica e a Anne das cirandas desta semana desejando que todos os bons planos se realizem.


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quinta-feira, 3 de julho de 2014

E por falar em ...







Saber a dosagem adequada em cada situação educacional, seja ela em família ou na escola sempre trará uma pitada de dúvida, já que em ambos os casos não podemos contar com as mágicas medidas-padrão dosadoras justinhas para as porções a serem usadas, nos resta então lançarmos mão dos conhecimentos testados, das opiniões embasadas e do nosso sabido e necessário bom-senso para nos guiar nessas trilhas.

E enquanto vamos nós, adultos usando lentes para ajudar o olhar tendo com isso certo conforto nas decisões sobre qual a melhor atitude para mediar a educação/postura/instrução dos nossos pequenos,um "mas" (como sempre há um)  aparece alertando que é preciso estar atento às nossas expectativas com relação a eles, os pequenos.Não é raro vermos o quanto os pais colocam seus sonhos sobre os ombros dos filhos sem ao menos perceberem que é um peso extremado para pessoas tão pequenas e que não são uma extensão de suas vidas e sim outras vidas exclusivas, interdependentes ainda, porém, distintas e merecedoras desta característica.

Com as exigências do mundo moderno, muitos paradigmas foram quebrados e com isso passaram-se anos em ajustes da melhor dosagem do tempo para a família e para as atividades extra-classe das crianças, embora as engrenagens ainda necessitem azeitamentos sutis e personalizados, os arranhões nos ponteiros do bom-senso acontecem aqui e ali provocando conflitos e dúvidas: com quantos anos a criança deve começar o letramento(?), quando poderá ser apresentada a outra língua (?), quando poderá iniciar atividades esportivas mais intensas(?), quando poderá iniciar o aprendizado dum instrumento musical(?)... Agora, pergunto eu: quando sobrará tempo para que ela seja a criança que é?

Há uma passagem bem a propósito no filme " Presente de Grego", quando a Diane Keaton se vê mãe da noite pro dia e toda atrapalhada estréia seu primeiro passeio na pracinha e é assediada pelas outras mães locais que a interrogam sobre o nível de escolaridade da bebê, em qual creche ela está matriculada, qual língua ela já balbucia, qual atividade física pratica e outras bizarrices do gênero.Claro que a cena desperta risadas nossas, porém, na verdade retrata uma realidade cada vez mais frequente nos últimos 40 anos: a incompreensível competição a que os pais submetem os filhos desde pequenos.Criança tem o direito de ser criança!

Foi nessa roda de boas conversas que no domingo passado eu e minha nora trocávamos figurinhas e também a leitura de um texto bárbaro sobre o assunto, onde é levantada a questão sobre o que deve saber( aprender) uma criança de quatro anos; leitura imprescindível ( Aqui) .Vale super a pena!

Toda contribuição em prol da vida bem vivida das crianças e jovens sempre foi necessidade primeira nas sociedades estabelecidas e, ainda mais nos dias de hoje ao vermos tantas tragédias infligidas às crianças em zonas de conflitos hediondos( Síria, Iraque, Nigéria...), vítimas inocentes duma realidade infame que as arrasta para a morte múltipla dos sonhos e da existência.




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Referência: justrealmons.com
imagem: guiainfantil.com

terça-feira, 1 de julho de 2014

Equilibrar o tempo a contento








Não há como fugir de certas dúvidas que, vira e mexe, nos tomam de sobressalto.Afirmam muitos pensadores que a dúvida é provocadora de descobertas e que sem ela a comodidade se instala e cria o lodo pegajoso;concordo com a metáfora.Quando nos sentimos confortáveis demais não questionamos, não promovemos avanços e pior até aceitamos o mais ou menos como bom.Jogando os holofotes sobre as novíssimas dúvidas que voejam sobre as cabeças das mães e pais das crianças de hoje, vê-se que a nuvem de preocupações está se agigantando rapidamente.Os dois gumes das novas tecnologias acenderam o pisca-alerta dos pais atentos e compromissados que buscam arduamente equilibrar a rotina das crianças e jovens de forma salutar e proveitosa.

Se antes já não era fácil, hoje virou uma tarefa hercúlea que não permite piscadelas e mesmo quando as tais não acontecem, ainda assim não garantem que se consiga triunfo completo.São muitos os atrativos que disputam atenção com os assuntos em estudo e a cada nível de escolaridade a briga de cabo-de-guerra vai aumentando a pressão sobre todos: filhos/alunos e pais.A Ana Paula (Aqui), dividiu conosco suas apreensões e reabriu a reflexão sobre o fato corriqueiro nos dias de hoje.

O ajuste fino para os combinados sobre o tempo de estudo e o on-line exige empenho de ambas as partes e sabemos que isso não é tão simples como parece.Mesmo priorizando o que de fato importa, ainda assim, resta uma pontinha de dúvida sobre as exigências escolares: será que o montante curricular é de fato bem dosado para cada nível?Confesso que esta é uma dúvida que me persegue até hoje.Sim, porque em alguns casos, especialmente nas séries finais do 4º ciclo escolar, existe um certo exagero de conteúdos aplicados em detrimento de outros que poderiam usar de roupagem mais ampla e abordar temas mais adequados a esses tempos, preparando e instruindo os alunos(as) com mais eficácia para uma vida cidadã.

A polêmica no meio educacional é antiiiiga e não se esgotará tão cedo.Bom que assim seja, afinal o que se encontra em permanente questionamento garante a renovação e afasta a estagnação.Há muito o que ser revisto nos currículos escolares tradicionais; realocar o imprescindível, arejar o gradeado, renovar o tabuleiro, acrescentar significantes aos significados e não descansar sobre o refeito pois a vida é dinâmica, sempre em mutações constantes e com novas situações se apresentando continuamente.

Os temas transversais já revolucionaram o engessamento dos currículos e foram marco de enormes e inegáveis avanços, mas não podem ser a fronteira final; eu repito com o Buzz Lightyear:" __ Para o infinito e além!"




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Imagem:educadorbrasil-escola