terça-feira, 31 de maio de 2011

Queridos Amigos e Amigas


"Se meu carinho eu pudesse descrever:
Embrulharia o mundo de presente pra você!"
(Patty Vicensoti) 
----------------------------------------------- 

Quando você vem, enche de cor o meu dia!
Calu

segunda-feira, 30 de maio de 2011

Cor-Ação


Meu coração é corajoso sem armas. Descobri dia desses, enquanto desenhava pensando na vida. No começo foi tudo sempre estranho, não feio. Um tal de apaga ali, rabisca daqui e apaga de novo... Dizem que só criança faz desenho da vida. Depois que a gente cresce perde o jeito, esse jeito de colorir o sentimento  numa folha em branco. Conservei essa mania dos desenhos. Tenho tudo rabiscado. Tudo enfeitado. Porque não gosto de abandonar as manias que me levam pra lugar de sonho, inventar uma primavera bem no meio do inverno. No desenho pode. Uma paisagem diferente da vida de verdade. Tem desenho que fica abandonado e feio. Triste num canto no fundo do meu armário companheiro de mudanças, herança do pai. Fica ali por uns dias, quietinho, até eu ouvir seu choro. Pedido de socorro. E lá vou eu, com minha ambulância carregada de lápis colorido fazer o desenho sorrir. Igual criança quando tá chorando e o amiguinho pega na mão e pede pra sorrir de novo.

Eu não gosto de abandono, por isso acolho. Por isso recolho e não costuro sorriso porque chorar é preciso. Porque não importa se o desenho é feio. Ou se a ferida é doída. Ou o dedo do meio foi pra mim. Eu contorno e de um jeito ou de outro, sempre tenho uma cor pra mudar a história. E na vida, a gente aprende que quanto mais a nuvem pesa e se enche de cinza, mais forte vem a chuva. Ou o choro. Sorte é ter um coração cheio de pancadas, metido em tempestades e sujeito a trovoadas. Esses sim são corações maduros de forte. Não de vez. Tenho um coração de todas as cores. Que amanhece azul e adormece vermelho ou bege ou rosa ou verde ou roxo ou...qualquer cor serve, porque quanto mais cor no coração; aprenda: MAIS COR-AGEM na vida. 

Vanessa Leonardi

domingo, 29 de maio de 2011

Na Casa das Palavras


Na casa das palavras, sonhou Helena Villagra, chegavam os poetas. As palavras, guardadas em velhos frascos de cristal, esperavam pelos poetas e se ofereciam, loucas de vontade de ser escolhidas:elas rogavam aos poetas que as olhassem, as cheirassem, as tocassem, as provassem.

 Os poetas abriam os frascos, provavam palavras com o dedo e então lambiam os lábios ou fechavam a cara. Os poetas andavam em busca de palavras que não conheciam, e também buscavam palavras que conheciam e tinham perdido.

Na casa das palavras havia um mesa de cores. Em grandes travessas as cores eram oferecidas e cada poeta se servia da cor que estava precisando;amarelo-limão ou amarelo-sol, azul do mar ou de fumaça, vermelho-lacre, vermelho-sangue, vermelho-vinho...

Eduardo Galeano(in: O livro dos Abraços)

sábado, 28 de maio de 2011

Gente


Amo  Pessoas

Pessoas comuns
de alma limpa,
coração transparente.
Amo pessoas
que mesmo diante de dores
e adversidades não perderam sua essência...
Não possuem a pretensão
de acertar sempre.
Erram,
caem,
levantam-se,
recomeçam... 
                                  quantas vezes necessário for!
                                                 
                 Arnalda Rabelo                                                  


                                 Imagem: arte de Portinari  

quinta-feira, 26 de maio de 2011

Os Ramos duma Àrvore

Arte de Johanna Wrigth


Eis que voltam os ventos suaves da navegação!
Tudo correito, sincronizado ao toque e desejo expresso nas teclas.Ah, doce segurança de certeza adquirida.
Como é reconfortante termos como certas nossas premissas.E, como reagimos mal diante de frustrações, mesmo que de pouca monta como o "tilte" do Blogger.
São experiências reveladoras de nuances, que escondidas sob a mecânica diária acabam por se revelarem  ante uma dificuldade.
Então, para pensarmos melhor sobre o fato, trouxe um artigo bem pontual;

Crise e Oportunidade

 
É velha a estória de que toda crise traz consigo ruptura e oportunidade. A sabedoria chinesa (wei-chi) e grega (kairós) nos legaram isso. O curioso é que estamos permanentemente em crise, nunca satisfeitos com o que temos. Feito crianças que lutam para serem presenteadas com um brinquedo novo e o abandonam após quinze minutos de divertimento, estamos sempre descontentes. Nossas crises pessoais são diárias. Nossas empresas estão em crises constantes. Nosso país atravessa uma crise ininterrupta. Por isso, resta-nos o tempo todo a necessidade de mudar e a urgência de fazê-lo enquanto ainda nos resta tempo. O tempo é longo, mas nossos dias são breves.

Assim, aos que atravessam crises, tenho muitos desejos. Desejo-lhes primeiro o discernimento, porque é preciso separar as crises reais das imaginárias e distinguir o “mudar” do “mudar para melhor”. Desejo-lhes a flexibilidade, pois deve-se aprender a curvar-se diante da inexorabilidade dos fatos mesmo quando confrontados com os argumentos mais sólidos. Desejo-lhes a ousadia, porque é preferível tentar e arriscar a inclinar-se frente ao receio e às adversidades. Desejo-lhes a criatividade, pois o mundo solicita que se faça diferente para que se possa evoluir. Mas, sobretudo, desejo-lhes a coragem, para dominar o medo, para realizar escolhas, para abdicar da estabilidade infeliz, para combater a hesitação, para negar o que não lhes convém e para exigir o que lhes é próprio, por direito divino. Você faz o que te dá medo e ganha coragem depois. Não antes. É assim que funciona. Já disse isso antes...

Tom Coelho

 

quarta-feira, 25 de maio de 2011

Confusão Geral


Gente, tô passada!
Desde segunda-feira que luto com a confusão que tomou conta dos acessos ao meu Blog. Já soube, inclusive, que não sou a única desesperada da praça. Há muitos outros blogueiros(as) passando o mesmo aperto. Pra começar custei a conseguir acessar o blog, quando finalmente isso se deu, abriu direto na pág do Painel.
Até aí tudo bem. Postei  o assunto que queria e lá fui visitar os blogs amigos... doce ilusão!Qual não foi a surpresa ao constatar que não conseguia postar os comentários feitos neles, pois meu endereço do Google não aparecia nem por um decreto, deixando-me na categoria de "anônimo."
Voltei ao meu Painel frustrada pelo bloqueio inexplicável e descobri pasma que não conseguia "Sair" do meu Blog, ato que ao ser pressionado me devolvia de volta ao Painel.
Hoje, 3º dia consecutivo que o problema se apresenta sem solução. Recorri ao link de Ajuda e não obtive nenhuma resposta, encontrando por lá outros dois aflitos como eu.
Bem, como não sei o que fazer, venho pedir S.O.S. à nação blogueira. Quem puder, por favor, me ajude!
E, meus amigos e amigas de Blog, peço-lhes  paciência, pois nem sei quando conseguirei visitá-los como gosto.
Calu

terça-feira, 24 de maio de 2011

De Um Outro Jeito



Se você acha uma flor bonita, à distância, experimente olhá-la bem de perto. Muitos detalhes a gente só consegue perceber ao aproximar mais os olhos e o coração.
Quando olhamos para algumas belezas conhecidas com a admiração e a curiosidade afetiva de quem olha pela primeira vez, garantimos porções extras de alimento para a alma.
Uma das coisas mais perigosas que podem nos acontecer é perder a capacidade de renovar o próprio olhar. A vida da gente tem muito a ver com a nossa perspectiva.

(Ana Jácomo)


segunda-feira, 23 de maio de 2011

Minha Pátria é minha Língua


Quando penso que não pode piorar, me sobressalto com mais uma aberração.
A declaração nada tem de original. Deve ter sido dita e escrita por milhares de brasileiros nestes últimos anos, mas na falta duma expressão melhor, lancei mão dessa mesma para registrar meu assombro diante do episódio protagonizado pelos dignatários da Educação Brasileira.
Acompanhei, esperei, li e não me contive mais diante do absurdo imposto às novas gerações através duma encenada mixórdia progressista da língua pátria.Que de progressista só tem o mal dado adjetivo.
È crime de lesa-pátria( se é que os acima citados sabem o que isso significa) condenar pessoas inocentes a um futuro incerto como cidadãos competentes, negando-lhes a correta instrução e formação educacional/acadêmica que os apta para a vida social e profissional.
Crime ainda maior é este, o de lesa-vernáculo, tratando como possibilidade o impossível no uso da língua pátria.
Não há como aceitar mais esta ofensa à educação brasileira.Junto-me às outras milhares de vozes indignadas com a perpetrada infâmia que se impõe às nossas crianças e jovens.
Não, aos podres poderes!E, repetindo o que diz Belchior na canção:

...mas ando mesmo descontente e desesperadamente eu GRITO em Português!

Calu


domingo, 22 de maio de 2011

Carpe Diem


Aproveite o convite do domingo outonal e,
se lance sem receio num passeio
 de bicicleta.
Aprecie a paisagem, as pessoas, o movimento.
Toda a vida à sua volta te convida. 
Sinta o vento, o sol friinho, a alegria,
Veja o chão, o firmamento...



Abra um sorriso, doe-o generosa.
Sinta-se parte, sinta-se toda
com a cidade, com a natureza
que te colhe e abraça
em gestos e cores,
espaços, pedaços,
dum dia farto
de outono no Rio.


Bom domingo. Bom passeio meus amores!
Calu



sábado, 21 de maio de 2011

Lunar Farside


È mesmo necessário que se preencham todos os vazios?
-------------------------------------


 É importante que nos lembremos do valor daquilo que não podemos tocar.

Não é verdade que o espaço vazio dentro da chávena é o que a torna útil?

Da mesma forma, o silêncio entre os passos, os espaços entre as notas musicais

e os espaços vazios no próprio espaço contêm todos os mistérios das suas formas possíveis.

 
Vera Mantero



sexta-feira, 20 de maio de 2011

O Poder da Intuição

Arte Alphonse Mucha


Ela não é mágica, nem tem relação com poderes externos ou sobrenaturais. Também conhecida como sexto sentido, a intuição é um conhecimento que está dentro de nós, é a sabedoria do nosso inconsciente. Alguns exercícios e mudanças de rotina podem aguçar esse guia interior que todos nós temos.

Do latim intueri , intuir significa ver por dentro. Para Jung, a intuição pode ser comparada a uma bússola, que nos guia e nos orienta. Basta, apenas, saber interpretá-la. Segundo a psicóloga Virgínia Marchini, do Movimento Despertar, o sexto sentido está relacionado com as vivências, as experiências, os relacionamentos, as histórias vividas, ou seja, com tudo o que constitui o inconsciente. É como se, em um determinado momento, um mecanismo acionasse todo o nosso conhecimento armazenado. "É uma certeza interna que temos. Mas é preciso se conhecer para confiar e ouvir a voz da intuição", afirma Virgínia, que dá cursos sobre o tema em São Paulo.

A psicóloga lembra que a intuição se comunica conosco através de símbolos e metáforas. E, para isso, utiliza muitos canais: sonhos, carta de um conhecido, um encontro com um pessoa próxima, o telefonema de um amigo. "Para isso, é preciso estar atento e saber interpretar a mensagem que chega", garante.

Um sonho, por exemplo, não pode ser interpretado da forma como se apresenta. De acordo com Virgínia, se o sonho for, por exemplo, com um carro que se depara com uma bifurcação, segue uma das estradas e cai em uma ribanceira, não se pode interpretar que haverá um acidente. Nesse caso, o carro seria a vida, e a bifurcação, uma decisão a ser tomada. O carro caindo significa que o caminho escolhido não é o certo. E todos os sonhos são intuitivos? Virgínia diz que não. "Eles nos dão uma fotografia da psique naquele momento. Representa o estado emocional da pessoa sempre através de símbolos e metáforas", afirma.

A mente vazia também favorece o contato com a nossa intuição. "Ela se manifesta em atividades cotidianas", aponta a especialista. Geralmente, as respostas para as nossas questões vêm em momentos relaxantes, como no banho, ou quando estamos quase dormindo. São os chamados insights.

Virgínia ressalta que muitas vezes a intuição é confundida com medos e desejos. E para separar bem cada um, só com muito autoconhecimento. "Ela é um guia interior, um sábio dentro da gente", aponta a psicóloga.

Para entrar em contato com a própria intuição, Virgínia ensina exercícios de visualização, nos quais o indivíduo pode dar forma ao seu mestre interno e lhe fazer perguntas. "É só confiar que a resposta vem", garante.

Também é possível aguçar mais o sexto sentido trabalhando com a criatividade. A especialista sugere sair um pouco da rotina. Se você acorda e vai direto escovar os dentes, tome café primeiro, mude o relógio de pulso e durma no outro lado da cama. "Isso vai fazer com que as pessoas descubram novos eixos dentro dela", diz.

A nossa intuição pode errar? "Não, ela nunca erra. Se errar, não era intuição", finaliza Virgínia.

Andrea Guedes

quinta-feira, 19 de maio de 2011

Pediram-me uma Palavra...



paz, foi a primeira a me ocorrer.

o mundo anda tão guerra, tão pouco irmão,

tão diver_gente...



então, lembrei-me de amor.

que fazer sem ele?

que vazia, a alma.

que inútil, o coração...



ah..mas e a alegria?

tenho visto tanta tristeza,

tanta dor!

que vale a vida sem alegria?



ocorreu-me ainda a beleza,

mas lembrei-me a tempo que para vê-la,

é preciso carregar o amor nos olhos!



daí lembrei-me da bondade!

e novamente lá estava ele, o amor,

sem o qual, não há como ser bom.



outras palavras desfilaram por mim:

justiça, liberdade, solidariedade...



foi quando percebi,

que tudo começa e termina

na fé.



o que quer que acreditemos, será possível!

assim, esta é minha palavra mágica:

fé!


na vida, para que haja futuro

no amor, para que brote a beleza

na paz, para que reine a alegria

na justiça, para que se espalhe a liberdade.

fé em si mesmo, para transformar o que se vê,

fé no invisivel para transformar a si mesmo.



é esta varinha de condão, pessoal, intransferível, que desejo que cada um de vocês possa encontrar, seja através de Jesus, Jeová, Moisés, Alá, Maomé, Yemanja, O Sol, a Lua, Fadas ou duendes...

a fonte, é apenas um local onde saciar a sede.

Aila Magalhães

terça-feira, 17 de maio de 2011

Mudanças e Andanças

Arte de Flávio Lima

Por aqui a chuva cai.Cada pancadão forte que parece cachoeira celeste.Entre uma estiagem e outra o sol se espreme entre nuvens cinzentas, mas não reina por muito tempo. Ares outonais!
Em meio a sol e chuva, uma vizinha está de mudança.Ouço o vaivém dos carregadores na faina de tirar a mobília, os pertences, a história feita de objetos da família.
Mudança é sempre um trabalhão pra todos os envolvidos.A promessa de novidades anima a cansativa rotina de tirar tudo de seu antigo lugar e recolocar no novo que espera plácido sua ocupação.
Dentre as mudanças de casa que fiz, lembro de uma especialmente marcante. Foi em Brasília. Mudei-me do lago Norte de volta para a Asa Sul em fins de junho com um barrigão de 8 meses e meio de gravidez do quarto filho e levando minha escadinha ( de 6 anos, 4 anos e 2 anos) pela mão, começo já na semana marcada a encaixotar as coisas pequenas.
Tira daqui, guarda de lá, embrulha de cá, pede caixa no mercado, pede ajuda dos pequenos...quando meu marido chega e diz para parar tudo aquilo.
__Mas como?___ pergunto eu.È muita coisa pra encaixotar!
___ Fica tranquila___ responde.A mudança que contratei cuidará de tudo. Você não vai fazer nada!
Parei meio descrente, mas aceitei a informação.
Chegou o dia D!



E a cena logo se montou no entra e sai daquela gente toda pela casa afora.Assisti a rapidez que os carregadores acondicionavam tudo em enormes caixas de madeira com divisórias para as diferentes coisas que abrigavam.
Levou um dia inteiro.Lá pelas 17h, trancamos a porta da casa vazia e rumamos para o novo endereço.
Mal entramos no apartamento, fomos seguindo pelo exército de formigões trazendo nosso pertences.
Primeiro montaram as camas, depois trouxeram as mesas, em seguida vieram com as caixas e aí, entrei em estado de topor.Os carregadores abriam as caixas e derramavam seu conteúdo em cima das camas, das mesas, do chão, esvaziando tudo ao mesmo tempo, nem me dando chance de dizer para onde ia tal conteúdo, pois quando eu conseguia direcionar um, outros três já estavam descobertos nos lugares mais inusitados.
Isso durou mais ou menos 1h e logo fechei a porta atrás do último homem.Ao que me voltei desolada para aquela área de guerra que parecia um armazém de entulhos.Tinha panelas, frigideiras, talheres misturados com lençóis, produtos de higiene e limpeza, brinquedos das crianças...Tive vontade de chorar e, fiz questão de nem olhar pra meu marido quando me disse calmamente:
___ Logo, logo, vc arruma tudo isso. Não se preocupe!

Como ele está vivo e gozando de boa saúde até hoje, vcs sabem que eu me CONTIVE!!!!

segunda-feira, 16 de maio de 2011

Lição de Casa

Arte de Richard  Johnson


 
" Você tampa a panela, dobra o avental,
deixa a lágrima secar no arame do varal.
Fecha a agenda, adia o problema, atrasa a encomenda,
guarda insucessos no fundo da gaveta.
A idéia é tirar a tarja preta e pôr o dedo onde se tem medo.
Você vai perceber que a gente é que faz o monstro crescer.
Em seguida superar o obstáculo,
 pois pode-se estar perdendo um espetáculo acontecendo do outro lado.
Atravessar o escuro até conseguir tatear o muro,
que é o limite da claridade.
Se tiver capacidade para conquistá-la,
 tente retê-la o mais que puder.
 Há que ter habilidade, sem esquecer que a luz é mulher.
 Do inferno assim desmascarado, é hora de voltar.
Não importa se é caminho complicado,
se a curva é reta, ou se a reta entorta.
Você buscou seu brilho,
voltou completa; jogou a tranca fora,
abriu a porta. "

Flora Figueiredo


domingo, 15 de maio de 2011

Barulho na Cozinha


Estava na cozinha temperando as carnes do almoço de hoje, domingo. Distraída ao som do rádio tocando Gonzaguinha, me lembrei dum outro distante domingo de 74, quinze dias de casada. Acabara de entrar no apartamento novo, tudo estalando, pelo menos o essencial que havíamos comprado.E cheia de entusiasmo lá fui eu preparar o almoço de domingo, nosso primeiro domingo oficial como marido e mulher.

Procurei nas caixas da mudança ainda por arrumar, um livro ou revista que tivessem receitas, mas nada. Minha mãe não havia posto nenhum exemplar da minha querida coleção de Claudia, feita durante os oito meses de noivado. E agora? Quem poderia me salvar?

Na pia , o frango me esperava, inerte, cru, inteiro e desafiador.Como era mesmo que se fazia um frango assado?
Nem minha fresca memória de 18 anos me auxiliava. Filha única, só entrara na cozinha pra fazer brigadeiro e cachorro-quente.Tava frita!


Não queria dar o braço a torcer e sorridente sugerir que almoçácemos fora mais uma vez.Comecei a encenar uma preparação. Peguei o sal e a pimenta do reino(básicos),coloquei o frango numa vasilha e o pus debaixo d'água corrente querendo afogá-lo. Meu marido se aproximou curioso, perguntou como ia preparar o frango, disse-lhe que assado.

Então, ele me colocou de frente para realidade me perguntando:
___ Você já fez frango assado alguma vez?
Fiquei muda por segundos, mas não pude negar a verdade, um sonoro Não, saiu-me pela boca.
Amável, como todo marido de quinze dias, me disse pra deixar o frango pruma outra ocasião e fazer uma macarronada.

Suspirei aliviada. Corri para cumprir o combinado e toda lampeira, busquei na lembrança as feituras de macarrão já vistas.Abri pacotes, abri latas, fui fervendo tudo e por fim, voilá!

Minha primeira macarronada.
Não ficou tão bonita quanto essa aí, da foto, mas apesar de meio durinha e um tantinho salgada, deu pro repasto.
À noite, meu marido deu uma saidinha e voltou com pastéis e coxinhas para o lanche.
"Seguro, morreu de velho."
-------------------------------
Bom domingo pra vcs!

sexta-feira, 13 de maio de 2011

Ano 1

1º  Aniversário do Fractais


         É hoje, 13 de maio! Data significativa, carregada de história na qual se junta essa, do Blog Fractais.

Nasceu de repente, dum papo longo com uma amiga querida, dum desejo consciente de usar esse universo para difundir boas palavras, conversas, debates, reflexões, curiosidades, devaneios, poesias...
E no instante seguinte, recebo um e-mail dela, me dando as coordenadas para assumir o blog que ela havia criado pra mim. Fiquei meio atônita, mas segui direitinho, batizei-o, dei-lhe cor e forma e com a ajuda dela fui colocando as primeiras postagens.
Confesso que a paixão foi chegando devagarinho até me tomar por completo. Hoje sou uma vaidosa blogueira que tem prazer em partilhar com todos os amigos e amigas que aqui estão, fractais de meus gostos e assombros.

Obrigada amiga Emília, obrigada amigos e amigas que aqui chegam.Vcs são o motivo desse mosaico!
------------------------------------------

"Há dois tipos de alimentos: os alimentos que alimentam o corpo e os alimentos que alimentam a alma. Os alimentos do corpo, nós os representamos poeticamente pelo pão[...]A alma não se alimenta de pão.
Ela se alimenta de beleza. A beleza tem o efeito oposto ao do pão: ela nos torna cada vez mais leves.
Não é raro que aqueles que dela se alimentam se tornem criaturas aladas e desapareçam no azul do céu, onde moram os deuses, os anjos e os pássaros.
A beleza é coisa de leveza."

Rubem Alves

quarta-feira, 11 de maio de 2011

Letras Femininas


O texto da mulher tem perfume que às vezes se sente só pelo título. Tem todo o jeito de quem anda por andar, sinceramente sem querer chegar a lugar nenhum. O texto da mulher dá pra ver que demorou muito tempo pra ficar pronto, e ainda não está. Dá pra ver que uma mulher escreve pra outra — pra outra completar.

O texto da mulher tem um silêncio gostoso de se ouvir e pronto para ser quebrado. Tem natureza própria: vento que sopra a cara e provoca os cabelos; lua que, nua, se banha no mar — festa nos navios negreiros...!

O texto da mulher dá orgulho: a gente fica lendo, boba, descobrindo um monte de coisas que já sabia e que só precisava lembrar.

O texto da mulher fecha os olhos quando faz carinho, como se fosse ele o acarinhado... todo texto de mulher tem um filho no presente e um amante no passado.

O texto da mulher faz arte: colore o que passa em branco na vida e pára o que passa rápido demais — põe o pé na frente e zás! Segue soberba, sabe que não adianta olhar — não para trás.

O texto da mulher parece sempre que foi a gente que escreveu —- será uma concatenação de saudades e esperanças comuns, ou alguém me esmiuçou sem eu deixar?

O texto da mulher treme, grita, chora e comemora em uma só língua; e faz a gente pensar que somos, todas, fragmentos de uma mesma criatura com dois lindos seios e um santo ventre, que caiu, quebrou e nos espalhou um dia.

O texto da mulher vale a pena a qualquer hora: de manhã, à tarde, de noite... Esteja a solidão aqui, ou batendo na porta, do lado de fora.

Gabriela Bastos


terça-feira, 10 de maio de 2011

A Gravidez da Amizade



Toda amizade é uma história particular. É uma história de conquista.

Primeiro, descobre-se o outro. Todo mundo parece igual, mas não é. E é justamente essa coisinha diferente em cada um que torna cada pessoa única. E de repente ali está a sementinha da amizade fecundada. A gestação começa.

São pedacinhos de nós que vão ficando nas conversas e pedacinhos do coração do outro que vão caminhando pra dentro da gente. Há os risos e os sorrisos, a partilha de coisas simples ou de coisas importantes. As descobertas, cheias de surpresas muitas vezes. A voz calada que pensa, não diz nada... adivinha!...

Fazemos idéia imediata de uma pessoa ao primeiro contato. Julgamos? Talvez. E só os próximos dias, horas ou instantes vão nos dizer se julgamos certo. Acontece de nos termos enganado em certos pontos e quantas vezes não bendizemos isso! Claro que ninguém gosta de estar enganado. Mas quando descobrimos um palhacinho por detrás de uma pessoa séria e reservada é maravilhoso saber que pudemos nos enganar. Se todos os enganos fossem assim abençoados!...

A sensibilidade do outro nos toca. Dá até vontade de chorar. Não sabemos direito o porquê de nos sentirmos próximos de alguém assim tão longe, tão diferente e tão igual. Mas amizade, como o amor, não se questiona. Vive-se. Dela e pra ela.

É preciso dar tempo ao tempo para se saber cativar e ser cativado. Quando saímos às pressas sempre temos o risco de deixar alguma coisa esquecida. Mas se tomamos o tempo de olhar bem, refletir, conversar, conversar e conversar... e rir e brincar e ficar em silêncio!... Se deixamos que essa flor nasça cuidadosa e docemente... aos poucos ela vai vendo a luz do dia. Maravilhando-se. Contemplando o outro com novos olhos, ou nova maneira de olhar. Tudo vira encanto!

Que o outro ria de mim ou pra mim, mas que ria! Gargalhe, faça festa!... Que eu seja nem que seja por um pouco responsável por esse rosto iluminado, por essa vontade de viver e de ver o que virá depois.

Bendita seja essa gestação amiga! Sem prazo, sem tempo, sem hora marcada!
 
Letícia Thompson
--------------------------------------------------------------- 
Maio, mês que exala a essência feminina, tradições, como o dia das mães.Lembra um tempo de espera, tempo de gestação...
 As minhas gestações-amigas são de um fecundidade ímpar.Através desta"porta aberta"(o blog), recebo feliz as amigas que por aí chegaram.
Cultivo estes presentes com especial carinho.
À vcs, minhas amigas, dedico este post.
Abraços afetuosos,
Calu

segunda-feira, 9 de maio de 2011

Andanças

Arte de Sally Swatland 



 Pra onde vou?

não sei

e por que as pessoas precisam saber

para onde vão?

Eu vou pra qualquer lugar

vou por aí,

onde quer que haja uma flor,

uma estrela,

um pedaço de nuvem..

onde quer que haja alguém

que saiba ler dentro de mim

que não saiba de onde vim

nem me faça perguntas...

 
Para onde vou?

Vou pra qualquer lugar

onde haja sorrisos

e lagos serenos,

campos de alfazema

beiras de narcisos...

se queres vir comigo

só te peço silêncio.

Não espante as borboletas do caminho

e não perguntes nunca

para onde estou indo...

Luna Alencastro


sexta-feira, 6 de maio de 2011

Eu...Mãe

Vou antecipar a mensagem, afinal o clima já se instaurou nos corações, então é só tocar e ver a música fluir.
Mães, Amigas, Filhas, Avós, que vocês recebam carinhos infindos, ternuras declaradas, sorrisos abertos, abraços profundos e beijinhos doces todos os dias. Que o domingo seja especial, festivo e inesquecível!
Feliz Dia das Mães!
------------------------------------- 




A canção de qualquer mãe

Lya Luft
Que nossa vida, meus filhos, tecida de encontros e desencontros, como a de todo mundo, tenha por baixo um rio de águas generosas, um entendimento acima das palavras e um afeto além dos gestos__ algo que só pode nascer entre nós.Que quando eu me aproxime, meu filho, você não se encolha nem um milímetro com medo de voltar a ser menino. Que quando eu a olhe, minha filha, você não se sinta criticada ou avaliada, mas simplesmente adorada, como desde o primeiro instante.

Que ao se lembrarem de sua infância, não recordem os dias difíceis(vocês nem os sabiam),o trabalho cansativo, a saúde não tão boa, o casamento numa pequena ou grande crise, os nervos à flor da pele__ aqueles dias em que até hoje, arrependida, dei um tapa que ainda agora, dói em mim, ou disse uma palavra injusta.

Lembrem-se dos deliciosos momentos em família, das risadas, das histórias, do bolo que embatumou, mas que vcs, pequenos, comeram dizendo que estava maravilhoso.Que pensando em sua adolescência não recordem minhas distrações, minhas imperfeições e impropriedades, mas as caminhadas pela praia, o sorvete na esquina, o cinema no domingo, os passeios em família, as festas, os aniversários, a lição de casa, as comemorações conjuntas, a sensação de aconchego,mesmo tendo cada um as suas ocupações.

Quando precisarem de mim, meus filhos, nunca hesitem em chamar: Mãe!Seja para prender um botão, ficar com uma criança, segurar a mão para baixar a febre, doar palavras, socorrer com qualquer tipo de recurso, ou apenas escutar alguma queixa ou preocupação.

Não é preciso constrangerem-se de serem filhos querendo mãe, só porque vcs já estão crescidos, com alguns fios brancos na cabeça, com suas alegrias e dores, como eu tenho e tive as minhas.

Que independendo da hora e do lugar, a gente se sinta bem pensando no outro. Que essa consciência faça expandir-se a vida e o coração, na certeza de que aquela pessoa, seja onde for, vai saber entender; o que não entender vai absorver; e o que não absorver vai enfeitar e tornar bom.[ ]

Que em qualquer momento, meus filhos, sendo eu qualquer mãe, de qualquer raça, credo, idade ou instrução, vocês possam perceber em mim, ainda que numa cintilação breve, a inapagável sensação de quando vocês foram colocados pela primeira vez nos meus braços: misto de susto, plenitude e ternura, maior e mais importante do que todas as glórias da arte e das ciências, mais séria que as tentativas dos filósofos em explicar os enigmas da existência.
A sensação  vinha do seu cheiro, da sua pele, de seu rostinho, e da consciência de que ali havia, a partir de mim e desse amor, uma nova pessoa...[ ]
---------------------------------------------------
À vcs, meus filhos e meu neto, todo o amor que houver nessa vida!
Mamãe

quinta-feira, 5 de maio de 2011

Xô Tristeza !

É que ser triste dá muito trabalho...


Ando com tanta vontade de ser feliz

Aprendi que a gente não se deve acostumar com a dor,

a gente até pode, mas não deve. Como outras coisas nessa vida.

Aprendi que o primeiro clarão do sol faz as sereias irem de volta pra casa,

E que ficar de mal dura apenas até a vontade de riso.

Que saudade é um aperto bem no meio do seu sossego

E abraço é também morada pro coração.


Que carregar sonhos faz bem pra gente, mas que se esquecê-los, acontecem mais rápido

Que um sopro não apaga só uma vela. Um sopro reacende o que for pra ficar.

Que coisas pequenas ficam grandes quando olhadas com olhos de dentro.

Que sentir pouco é muito e que uma pessoa,

só uma pessoa no meio de bilhões, muda tudo.


Vou plantar um pé de bolha de sabão no meu quintal

Pra levar esse mundo dentro de uma bolha

Ou então sair por ai flutuando levinho.

Vanessa Leonardi